O jogo ‘Bullying: Um dia na escola’ tem “por objetivo ajudar a Maria Inês, a personagem principal, que é uma vítima de ‘bullying’ na escola”, disse à agência Lusa a psicóloga Júlia Vinhas, do centro CADIn - Neurodesenvolvimento e Inclusão.

Os jogadores têm que descobrir quem foi o agressor, a testemunha, que tipo de ‘bullying’ foi cometido e em que local da escola aconteceu, explicou Júlia Vinhas, que, em conjunto com a psicóloga Rosário Carmona e Costa, desenvolveu o jogo que vai ser apresentado hoje em Lisboa.

Para poderem ter acesso à informação que permite descobrir o que se passou, os jogadores têm que ir respondendo a questões centradas em cinco áreas de competências: assertividade, controlo de impulsos, promoção da empatia, identificação do ‘bullying’ e resolução de problemas.

“É desta forma que vamos treinando as competências e dirigindo o tipo de respostas dadas a cada situação de conflito”, disse a psicóloga, comentando que “é uma forma muito lúdica de aprender”.

O principal objetivo – salientou - é que as vítimas e as testemunhas saibam como atuar nestas situações, e os agressores percebam os comportamentos que constituem ‘bullying’.

“Só consideramos uma situação de ‘bullying’ quando existe intencionalidade no ato e é uma situação repetida”, explicou a psicóloga.

Júlia Vinhas adiantou que a adesão ao jogo tem sido bastante boa: “Todos os meninos com quem tive já o privilégio de jogar gostam porque é um desafio”.

A criação do jogo, desenvolvido pelo CADIn em parceria com a editora Ideias com História, surgiu da necessidade de desmistificar junto das crianças, dos professores e das famílias os tipos de ‘bullying’ que existem e o “tipo de agressores”.

“Muitas vezes a definição de ‘bullying’ não está correta, por vezes há uma desvalorização de algumas agressões em contexto de recreio e por isso sentimos necessidade de através de um jogo de tabuleiro ir desmitificando” o fenómeno, adiantou.

Ao centro de apoio ao desenvolvimento infantil chegam crianças vítimas de ‘bullying’, mas também alguns agressores, por “questões comportamentais” e “por queixas das escolas”, contou Júlia Vinhas.

Um recente relatório da UNESCO revela que dois em cada dez alunos em todo o mundo são vítimas de ‘bullying’.

Esta organização defende que a escola deve combater este tipo de violência, ensinando as crianças a compreender e a lidar com as situações de agressão.