O impulso irresistível que leva muitas mulheres grávidas a limpar, organizar e Pôr vida em ordem – também conhecido como «fazer o ninho» – não é irracional, mas sim um comportamento adaptativo decorrente do passado evolutivo dos seres humanos.
Investigadores da Universidade de McMaster, no Canadá, sugerem que estes comportamentos – caracterizados por explosões incomuns de energia e uma compulsão para organizar a casa – são o resultado de um mecanismo para proteger e prepararem-se para a chegada do bebé.
As mulheres também se tornam mais seletivas sobre as companhias, preferindo passar o tempo apenas com pessoas de confiança, dizem os investigadores. Em suma, ter o controlo sobre o meio ambiente é uma característica fundamental de preparação para o parto, incluindo decisões sobre onde o nascimento acontecerá e quem será bem-vindo.
«Fazer o ninho não é uma atividade frívola», diz Marla Anderson, autora principal do estudo. «Descobrimos que atinge o pico no terceiro trimestre à medida que o nascimento do bebé se aproxima e é uma tarefa importante que, provavelmente, tem a mesma finalidade nas mulheres como acontece noutros animais.»
«Este comportamento liga-nos ao nosso passado ancestral. Fornecer um ambiente seguro ajuda a promover o vínculo e o apego entre a mãe e o recém-nascido», afirma a investigadora.
Uma vez que havia pouca pesquisa anterior sobre comportamentos de nidificação, a equipa de investigação propôs-se a explorar a psicologia por trás do fenómeno. Projetaram dois estudos distintos: um grande estudo online comparando mulheres grávidas e não grávidas e um estudo longitudinal de monitorização de mulheres durante a gravidez e no período pós-parto.
«Um dos paradoxos aparentes de fazer o ninho é que, no terceiro trimestre de gravidez, as mulheres dizem estar mais cansadas, enquanto, simultaneamente, mostram um aumento da atividade», explica Mel Rutherford, professor do Departamento de Psicologia, Neurociência e Comportamento da Universidade de McMaster. «Sendo assim, a necessidade de fazer o ninho é uma força motivadora muito poderosa.»
O próximo passo, dizem os investigadores, é examinar como as mulheres poderão apresentar comportamentos de nidificação ao adotarem um bebé e se os futuros pais podem ou não demonstrar comportamentos semelhantes nos meses anteriores ao nascimento do bebé.
Maria João Pratt
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