Segundo o psicólogo Paulo Vitória, é conhecida a forte associação entre a presença de fumo do tabaco e a morte súbita nas crianças, facto que se tem repercutido nas estatísticas mundiais.
“Um estudo publicado recentemente na revista LANCET estima que, no mundo, morrem por ano mais de 600 mil não fumadores devido à exposição passiva ao Fumo Ambiental do Tabaco (FAT). Este valor representa cerca de 1% do total de mortes anuais. Uma parte importante destas mortes (28%) ocorre em crianças”, refere o nosso interlocutor.
Ora, um fumador passivo inala os mesmos 4 mil químicos que um fumador e cerca de 50 desses químicos são comprovadamente cancerígenos. Para a psicóloga Carlota Simões Raposo, da equipa de coordenação da Linha SOS - Deixar de fumar: “Vários são os mitos que existem em relação aos efeitos do fumo do tabaco nas crianças. Posso referir vários exemplos, não é por fumarem numa divisão da casa em que a criança não se encontra no momento que o fumo deixa de ser prejudicial para a ela, pois mais tarde ou mais cedo a criança vai acabar por usufruir desse espaço e ter acesso a todas as substâncias tóxicas libertadas pelo fumo do tabaco, que ficaram alojadas nos mais diversos materiais. O mesmo se aplica ao carro. Ao contrário do que se pensa, abrir uma janela ou ligar o ventilador, tanto em casa como no carro, não faz com que o fumo desapareça.”
Mesmo nestes casos, a utilização de ambientadores ou filtros de ar apenas mascaram o cheiro do fumo, não reduzindo o seu efeito nefasto.
A Linha SOS – Deixar de Fumar (808 20 88 88), a funcionar desde 2002, “tem três objetivos principais: Informar a população em geral sobre o tabagismo, aconselhar os fumadores e outras pessoas com problemas relacionadas com o tabagismo (por exemplo, pessoas expostas a fumo de tabaco no local de trabalho) e apoiar os fumadores que querem deixar de fumar”, esclarece Paulo Vitória.
Neste sentido e, em jeito de balanço, “estimamos que cerca de 15% das pessoas que nos ligam conseguem deixar de fumar. Se tivermos em conta que o tempo médio de um aconselhamento se situa entre os 20m e os 30m este resultado é muito bom. Outro objetivo muito importante para nós, é contribuir para que as pessoas que querem deixar de fumar peçam ajuda a profissionais de saúde formados em tabagismo. Também neste ponto temos tido excelentes resultados, multiplicando por 5 a taxa de fumadores que tentam deixar de fumar com apoio profissional”
Realça ainda a importância de iniciativas como a das universidades do Minho, da Beira Interior e de Évora que publicaram um folheto intitulado “Preocupa-se com a saúde dos seus filhos?” para alertar os pais que fumam para as graves consequências da exposição das suas crianças ao fumo do tabaco, nomeadamente em casa e no carro.
27 de junho de 2012