Em comunicado, o instituto da Universidade do Porto explica hoje que o estudo, desenvolvido pela investigadora Maria João Azevedo, visa caracterizar o micobioma oral e intestinal da mulher grávida, avaliar o perfil de transmissão entre mãe e filho até aos seis meses e perceber o impacto da obesidade, diabetes gestacional e hipertensão arterial materna neste processo.

O micobioma humano, uma peça estrutural do microbioma, é capaz de influenciar a fisiologia e metabolismo, bem como o desenvolvimento e funcionamento do sistema imunitário.

O estudo, já distinguido pela Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, será desenvolvido através de amostras e dados clínicos obtidos no âmbito da coorte dos projetos do i3S ‘OralBioBorn’ e ‘PERIMYR’.

Citada no comunicado, Maria João Azevedo afirma que o estudo vai ser “pioneiro na avaliação da transmissibilidade do micobioma oral e intestinal entre pares mãe-filho numa população portuguesa, assim como na sua associação a doenças cardiovasculares e metabólicas maternas”.

“Trata-se de um tema muito pouco estudado apesar das infeções fúngicas serem frequentes durante a gravidez e a infância”, esclareceu a investigadora, acrescentando que, com este estudo, espera esclarecer “quais os mecanismos de transmissão, colonização e maturação fúngica durante a infância”.

Paralelamente, o estudo permitirá também perceber o papel do “microbiano fúngico na saúde das crianças e o impacto da obesidade, diabete gestacional e hipertensão arterial na transmissão precoce do micobioma”.

Os resultados obtidos com este estudo serão integrados no projeto ‘OralBioBorn’ do i3S, permitindo recolher “informações valiosas sobre as interações entre bactérias e fungos em pares mãe-filho, na saúde e na doença”.

O recrutamento dos participantes está a decorrer no Centro Hospitalar Universitário de São João, na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, no ACES Maia-Valongo e ACES Porto Oriental, bem como ‘online’.

As amostras de saliva e fezes da grávida e futura mãe e filho estão a ser recolhidas na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), sendo que o processamento será executado no instituto do Porto.

A análise fúngica será realizada por métodos tradicionais de cultura no i3S e por sequenciação de nova geração no ACTA, resultante da parceria da Vrije Universiteit Amsterdam e da University of Amsterdam, na Holanda.

O estudo, intitulado “Maternal mycobiome dysbiosis and its Influence on the mycobiome of the child” foi recentemente distinguido pela Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID) com uma bolsa no valor de 20 mil euros.

A ESCMID visa, através destas bolsas, apoiar jovens cientistas europeus que desenvolvem investigação de excelência nos campos da microbiologia clínica e das doenças infecciosas.

Para Maria João Azevedo, esta bolsa representa uma “oportunidade de desenvolver uma investigação translacional inovadora e desafiante, que irá contribuir para colmatar lacunas e aprofundar o conhecimento científico na área da micologia”.