A iniciativa, no âmbito do projeto aQueduto, desenvolvido em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos, é dedicada ao tema “O que faz uma boa escola?” e parte da compilação de dados publicados ao longo dos últimos anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e o PISA (programa internacional de avaliação de alunos).

“As escolas com melhores resultados parecem ter mais equipamento de laboratório e materiais de biblioteca”, referem os autores do trabalho que será posto a discussão.

Ao analisar a situação das escolas em Portugal, os técnicos observaram que 80 por cento dos estabelecimentos de ensino servia uma população com estatuto socioeconómico e cultural baixo, sendo que 46% obtinha fracos resultados.

Apesar da envolvente desfavorável, 34% conseguiu resultados acima da média da OCDE. Esta análise incidiu em escolas com 3.º ciclo e ensino secundário.

Falta de computadores, internet e “software” nas salas de aula foram as carências identificadas por um maior número de escolas.

Problemas com as instalações, aquecimento e materiais de apoio pedagógicos foram também críticas frequentes , “embora mais comuns em escolas com resultados baixos”.

A falta de instalações foi a principal diferença observada entre as escolas com resultados acima do esperado (27%) e as escolas com resultados baixos (59%).

Verifica-se um padrão semelhante no que respeita à falta de salas: 23% nas escolas com resultados acima do esperado, contra 48% nas escolas com resultados baixos.

Em 2012, a quase totalidade dos diretores considerou não haver falta de professores.

Portugal foi o país que mais investiu no aumento do número de horas de matemática, o que “pode estar associado à melhoria do desempenho” entre 2003 e 2012.

“Os alunos portugueses tinham, em 2012, perto de cinco horas de matemática por semana, sendo que em 2003 tinham cerca de três”, lê-se no documento divulgado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).

Neste trabalho constatou-se que professores motivados e valorizados e a oferta de atividades extracurriculares eram práticas comuns em escolas com resultados acima do esperado.

As práticas que distinguem as escolas que se classificam acima de 500 (valor de referência), mas que servem populações de recursos abaixo da média são, de acordo com as perceções dos diretores, “a combinação de professores motivados e valorizados pela direção, oferta de atividades, infraestruturas e recursos satisfatórios e autonomia na gestão do orçamento”.

Por outro lado, as escolas com resultados abaixo de 500 e que servem uma população de recursos igualmente abaixo da média, “tendem a chumbar mais alunos, criar turmas de nível a matemática, investir na formação de professores e comunicar e divulgar os objetivos” do estabelecimento.