Na abertura da reunião da Educação Global, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay alertou para o aumento do “risco de abandono escolar para os alunos mais vulneráveis", devido às medidas de contenção da covid-19.

Atualmente, “mais de 600 milhões de alunos, ou um terço da população escolar mundial, ainda têm suas escolas fechadas”, sublinhou, considerando que a reabertura das escolas é urgente, “garantindo que todas as medidas de segurança sejam tomadas”.

No entender da diretora-geral, a implementação de modelos de ensino híbrido em vários países, que combinam o ensino presencial e à distância foi muito positiva e este regime deve continuar a ser desenvolvido e "acessível a todas as populações".

Segundo a UNESCO, a pandemia tem agravado desigualdades pré-existentes e “24 milhões de crianças podem nunca encontrar o caminho de volta à escola” e, por isso, a educação deve ser entendida como um pilar da recuperação dos países.

Por isso, Audrey Azoulay apelou para um maior investimento na educação, um apelo feito também pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que pediu uma “mobilização global ao mais alto nível", porque a educação "deve continuar no centro das prioridades".

“Temos que investir para não deixar ninguém para trás, para que todos sejam formados, para que as escolas sejam seguras e temos que investir na conectividade”, acrescentou António Guterres.

A Declaração assinada pelos participantes na reunião quantifica em 200 mil milhões de dólares por ano (cerca de 170 mil milhões de euros) os recursos que faltam para financiar os sistemas educacionais, em particular dos países mais pobres.

Concretamente, o documento prevê que os países destinem "pelo menos 4% a 6% do seu PIB ou 15% a 20% dos seus gastos públicos para a educação".

“Este investimento não é um sacrifício nem um custo”, insistiu Audrey Azoulay, alertando que “se não o fizermos agora, o futuro será triste e sombrio”.

A reunião da Educação Global, organizada em colaboração com os governos do Gana, Noruega e Reino Unido, decorreu hoje por videoconferência e juntou chefes de estado e de governo, cerca de 70 ministros e representantes de várias instituições internacionais.

O encontro arrancou com um minuto de silêncio em homenagem ao professor francês Samuel Paty, assassinado na sexta-feira em Paris, e com uma mensagem da diretora-geral da UNESCO de apoio a “todos os professores do mundo que se arriscam para formar as nossas crianças e os nossos jovens”.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2.229 pessoas dos 106.271 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.