Em comunicado, as duas instituições reportam a existência de vários casos em escolas e agrupamentos dos concelhos do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto e no Alentejo.
"No Agrupamento de Escolas António Sérgio, em Vila Nova de Gaia, por exemplo, temos alunos em casa com dificuldade em acompanhar as aulas. A internet nem sempre funciona e a carência de câmaras para todos os alunos que necessitam é gritante. As sessões por videoconferência são descontinuadas e os professores perdem cerca de 20 minutos de aula a tentar retomar as ligações", denuncia Mariana Pereira, vice-presidente da ATEP.
Citada num comunicado, aquela responsável adianta ainda que, no Agrupamento de Escolas Gonçalves Zarco, em Matosinhos, "a inexistência de equipamentos necessários para dar resposta às videoconferências origina o recurso aos telemóveis pessoais de professores e alunos".
Mariana Pereira denuncia ainda que no Agrupamento de Escolas do Viso, no Porto, as escolas não foram alvo de investimento por parte do Ministério, e os alunos ainda não receberam os prometidos equipamentos informáticos.
"Os alunos que estão em casa fazem fichas de trabalho que os professores enviam por email, agravando-se a situação nas famílias que têm dificuldade em aceder ao email e à impressora. Em casos como este, que estão espalhados pelo país, é muito preocupante que haja alunos em casa desde o início do ano letivo, por fazerem parte dos grupos de risco", adianta.
Também o secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, lamenta que, apesar de o primeiro-ministro ter afirmado em abril que as escolas abririam em setembro já devidamente equipadas, tal não tenha acontecido, apontando-se "para um número bem abaixo das necessidades imediatas para meados de novembro".
O dirigente garante que há também problemas de conectividade e de falta de recursos nas escolas, tornando ainda mais complicada a gestão da sala de aula quando a turma tem alunos em regime presencial e não presencial.
"Um problema que poderia ter outra solução, caso o ministério constituísse bolsas com os docentes de risco, permitindo que desenvolvessem atividade em regime de teletrabalho com esses alunos", aponta o secretário-geral da FENPROF.
Mário Nogueira sublinha que há, ainda, "situações de enorme desigualdade" decorrentes das próprias condições das famílias, onde por vezes impera a iliteracia digital.
As duas instituições revelam também que há professores com filhos isolados por motivos de Covid-19 sem direito a declaração do delegado de saúde que lhes permita ficar em casa, como aconteceu em Vila Viçosa ou Borba, no distrito de Évora.
Para a ATEP "é totalmente inaceitável que, mais de seis meses após anunciar o acesso universal dos alunos dos ensinos básico e secundário à Internet e a equipamentos informáticos, o Governo permita que estas situações aconteçam" e lamenta que a esta altura as escolas não tenham equipamentos e a capacidade da Internet suficiente.
Já a FENPROF recorda que também os professores foram "obrigados" a adquirir equipamento para trabalhar com os alunos e até para os seus filhos, despesa que devia ser elegível para efeitos de IRS, mas cujo esforço foi "ignorado" pelo Governo.
A Lusa tentou obter informações junto dos agrupamentos de escolas referidos pela ATEP e pela FENPROF, bem como da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) e da Direção Regional de Educação do Norte (DREN), mas até ao momento sem sucesso.
Em Portugal, morreram 2.590 pessoas dos 146.847 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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