Excluindo feriados e fins de semana, as escolas secundárias em Portugal estiveram durante 92 dias de portas fechadas desde o início do ano passado, revela o relatório “Education at a Glance 2021”, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que na edição deste ano analisa o impacto da covid-19 na educação dos 37 países da OCDE.
Em Portugal, o encerramento das escolas começou em meados de março de 2020, poucos dias depois de ter sido conhecido o primeiro caso positivo de infeção no norte do país.
Ainda no final desse mesmo ano letivo, os estudantes do 11.º e 12.º anos foram os únicos a regressar às salas de aula para se poderem preparar para os exames nacionais.
Feitas as contas, os alunos portugueses tiveram as escolas encerradas menos nove dias do que a média da OCDE.
O objetivo de fechar as escolas era controlar a transmissão do vírus e os números mostram que os dias de encerramento aumentaram conforme se avança no nível de educação.
Isto porque, já em 2021, pouco depois das férias do Natal, os alunos voltaram a ficar em casa, tendo o seu regresso sido feito de forma faseada: primeiro foi a vez das crianças das creches e do 1.º ciclo, a 15 de março, e só depois os alunos do 2.º e 3.º ciclo, a 05 de abril. Os alunos do secundário foram os últimos a reencontrar os colegas dentro das escolas.
Para compensar os dias sem aulas e as fragilidades do ensino à distância, o Ministério da Educação decidiu prolongar o fim do ano letivo.
O relatório da OCDE aponta os alunos portugueses do 3.º ciclo (do 7.º ao 9.º ano) como aqueles que ficaram mais tempo sem entrar na escola: 97 dias. Foram mais cinco dias do que a média dos países da OCDE.
Entre 01 de janeiro de 2020 e 20 de maio de 2021, as pré-primárias estiveram totalmente encerradas durante 69 dias, enquanto as escolas do 1.º e 2.º ciclo se mantiveram fechadas durante 87 dias.
As famílias portuguesas tiveram as crianças do pré-escolar mais seis dias em casa e os alunos até ao 6.º ano mais nove dias do que a média da OCDE.
Apesar de a grande maioria dos alunos permanecer em casa, com aulas online, a tutela decidiu manter alguns estabelecimentos de ensino abertos.
Começaram por receber os filhos de profissionais considerados essenciais no combate à pandemia e garantir refeições aos alunos mais carenciados mas, numa segunda fase, passaram também a receber os alunos de risco.
Quando começou o primeiro confinamento, uma elevada percentagem de alunos não tinha equipamentos para se ligar à escola e Portugal surge agora no relatório como um dos 22 países que distribuiu computadores pelos estudantes e entre os 29 países que lançou medidas para incentivar os alunos desfavorecidos ou vulneráveis a regressar à escola.
Outro dos efeitos temidos da pandemia era o aumento do desemprego, em especial entre aqueles que têm menos formação. Em Portugal, a taxa de desemprego dos jovens entre os 25 e os 34 anos sem ensino secundário subiu dois pontos percentuais entre 2019 e 2020, chegando aos 10,9%.
Também diminuiu a procura de formação ou estágios por parte dos adultos entre 2019 e 2020, assim como aumentou a proporção de jovens entre os 18 e os 24 anos que não estudam nem trabalham (subiu de 12,9% para 14,5%).
O "Education at a Glance" é um relatório anual da OCDE, considerado uma das mais relevantes fontes de informação internacional sobre o estado da educação no mundo.
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