À medida que sentimentos racistas e xenófobos se alastram, muitos pais perguntam-se como deverão agir para incutir valores de aceitação e compreensão cultural nos filhos. Nesse sentido, um grupo de mães da Flórida, Estados Unidos, criou a iniciativa Little Global Citizens, destinada a ensinar as crianças a relacionarem-se com culturas e pessoas diferentes.
“É importante que os miúdos compreendam que todos temos os mesmos direitos e que sintam empatia por pessoas diferentes de si próprias e dos seus vizinhos”, disse Akeelah Kuraish, uma das mães do Little Global Citizens, ao Huffington Post. “As crianças pequenas não têm preconceitos sociais e às vezes esquecemo-lo. É imperativo tomar uma posição que tenha impacto na geração seguinte, certificando-nos de que vão ter uma mente aberta, ser mais conscientes e sentir mais compaixão”, explicou Kuraishi, que nasceu em Inglaterra, mas é filha de pai paquistanês e mãe escocesa.
Para dar aos pais algumas orientações sobre o tema, o Huffington Post falou com Akeelah Kuraishi e Sonia Nieto, autora do livro Affirming Diversity (Afirmando a Diversidade) e professora da Universidade de Massachusetts. Eis as suas dicas para ensinar a diversidade cultural aos mais novos.
Começar com livros
Kuraishi e Nieto recomendam ter material de leitura em casa que reflita a diversidade do mundo, desde revistas a livros infantis. “Os livros são uma grande oportunidade para mostrar diferentes países e culturas e expandir os horizontes, mesmo que seja somente para levar os mais novos a dizer nomes desconhecidos”, observou Kuraishi.
Mostrar a diversidade
“Submeta os seus filhos a experiências com que possam aprender. Quando crescerem ficarão confortáveis em situações diversas, mesmo que sejam os os únicos com um determinado background”, explica Nieto. “Deixe-os ver coisas com que não estão familiarizados”, como peças de teatro, concertos, palestras e museus, entre outras atividades que proporcionam oportunidades de aprendizagem sobre a diversidade.
Saborear culturas
Levar as crianças a restaurantes de outros países e culturas dá-lhes oportunidade de saborear novos alimentos, ouvir outras línguas e ver como as pessoas de diferentes culturas se vestem.
Promover a curiosidade
É uma situação comum: um pai e uma criança caminham pela rua quando passa alguém que usa uma vestimenta étnica desconhecido ou que fala outra língua. E quando a criança pergunta sobre isso, o pai manda-o calar. Nieto e Kuraishi aconselham os pais a não o fazerem, já que isso atribui uma conotação negativa às diferenças. Em alternativa, devem ter uma abordagem aberta e positiva e incentivar esse tipo de perguntas como uma forma de normalizar as diferenças.
Agir com naturalidade
Fingir não “ver a raça” ou “as diferenças” não ajuda em nada. Os pais não devem retrair-se sobre diferenças, mas sim tratá-las da forma mais natural do mundo.
Usar a tecnologia
Há recursos digitais úteis para ajudar as crianças a aprenderem sobre as diferenças. Kuraishi recomenda aplicações de aprendizagem de línguas como o Gus on the Go, o Little PIM e o Duolingo.
Se não se sente confortável a ter estas conversas como pai ou mãe, é importante que se eduque a si mesmo. Ler, ter aulas ou ver filmes são boas maneiras de começar. Em última análise, os pais só precisam de ensinar aos filhos que as pessoas têm aspetos diferentes, usam roupas diferentes, comem alimentos diferentes, ouvem música diferente e muito mais. Para Kuraishi, criar esta base pode ajudar a preparar as crianças para um mundo globalmente ligado.
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