A lotação da casa de acolhimento de crianças com cancro e as suas famílias, em Lisboa, está sempre lotada e chega a ter listas de espera, disse à Lusa o presidente da associação Acreditar.

 

“Temos muitos pedidos, temos sistematicamente a casa cheia e há alturas em que há listas de espera”, disse João Bragança, que falava à Lusa a propósito do Dia Internacional da Criança com Cancro, que se assinala na sexta-feira.

 

As Casas Acreditar, instaladas em Lisboa, Funchal e Coimbra, foram construídas para acolher as famílias que, devido à doença dos seus filhos, são obrigadas a deslocarem-se das suas casas e ficarem durante um período de tempo longe de casa para acompanhar as crianças e os jovens que estão a fazer tratamento ambulatório.

 

Lusa

 

“Há alturas em que não temos capacidade para albergar todas as crianças e pais que nos procuram e pedem ajuda”, lamentou João Bragança. O presidente da Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro explicou que as crianças e a família ficam na casa o “tempo que quiserem sem qualquer custo”.

 

“Se tivermos alguma criança cuja família não tenha condições para pagar a alimentação nós oferecemos”, comentou o responsável, adiantando que as casas têm um serviço de voluntariado, que acompanha as crianças, realiza passeios e atividades lúdicas.

 

João Bragança adiantou que a casa de Lisboa recebe muitas famílias oriundas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e da Madeira, com dificuldades económicas. O objetivo, disse, “é proporcionar um ambiente em que as pessoas sintam que é a sua casa longe de casa”. Por outro lado, os pais e as crianças estão acompanhados por outras pessoas que “estão a passar pelo mesmo problema e falam a mesma linguagem”. “Todas elas têm um problema em comum que é ter um filho com cancro, um problema devastador para a família”, comentou.

 

Os pedidos de apoio das famílias têm vindo a aumentar devido à crise, disse João Bragança, comentando: “Em cima de uma tragédia que se abate numa família quando uma das crianças tem cancro pode haver um desemprego”. Lembrou ainda que os tratamentos das crianças com cancro não obrigam a internamentos longos, mas ciclicamente têm de fazer tratamentos e surgem problemas, o que obriga um dos pais a pedir baixas prolongadas e intermitentes, causando muitas vezes problemas no emprego.

 

A primeira Casa Acreditar foi construída em Lisboa, em 2002, frente ao Instituto Português de Oncologia, tendo capacidade para acolher 12 crianças. À Casa de Lisboa seguiu-se a do Funchal, situada em frente ao Hospital Cruz de Carvalho, onde as crianças fazem os seus tratamentos, e a de Coimbra, situada junto ao hospital pediátrico.