Realizado por seis académicos, o estudo publicado na revista Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS) dos Estados Unidos soma-se a uma ampla literatura científica sobre os possíveis efeitos prejudiciais da ortodoxia fiscal promovida pelo Fundo Monetário Internacional nos países do sul.

Compilando os dados de 67 países na década de 2000, o estudo rejeita as hipóteses de uma "relação direta" entre uma deterioração dos indicadores de saúde e os planos do FMI, que dá empréstimos aos Estados em troca de programas de ajustamento das finanças públicas.

O estudo identifica, entretanto, os "efeitos contraditórios" que a ação do Fundo teria na saúde das crianças. "As intervenções do FMI buscam incrementar a estabilidade económica, o que traz efeitos benéficos para a população. No entanto, as medidas de ajuste impostas pelo FMI diminuem os efeitos protetores da educação dos países na saúde infantil", escrevem os autores de Cambridge e Oxford, no Reino Unido.

Claramente, os lares onde os chefe de família tem pelo menos nível de educação primária estão em geral em mais condições de satisfazer as necessidades dos seus filhos em termos de acesso a água, nutrição ou vacinação.  Entretanto, segundo o estudo, essa capacidade é menor nos países sob a assistência do FMI, especialmente nas zonas rurais. De acordo com os investigadores, a presença de pais escolarizados reduz o risco de desnutrição infantil em 38% em tempos normais, mas apenas 21% quando o país é resgatado pelo Fundo.

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