Em outubro comemorou-se o dia Mundial do Animal e a AMICA decidiu “cuidar do animais, prevenir o abandono” com ações junto dos mais novos, que já passaram pelas 15 escolas do primeiro ciclo público e vão prosseguir nos colégios privados de Bragança.

Ana Isabel Oliveira, membro da AMICA, não tem dúvidas de que é nestas idades que se consegue “mudar mentalidades” e parceiros para fazer passar a mensagem “aos pais, aos amigos” e no futuro “os animais serem olhados de forma mais humana e sensível”.

Que as crianças gostam de animais ficou evidente nas sessões como a que a Lusa acompanhou na escola dos Formarigos, com 22 crianças de braço no ar, a dar exemplos, a fazer perguntas sobre termos como a esterilização, que evita ninhadas e abandonos, ou sobre o microship de identificação, que já ajudou muitos animais perdidos a regressarem ao dono.

Centro das atenções e mimos foi a Bolota que “serve de exemplo nestas ações de um cão abandonado que, neste momento, tem uma família feliz que cuida dela e essa mensagem também é importante para os miúdos com o testemunho real”, como observou Ana Isabel.

Para a professora Helena Domingues estas são iniciativas “importantes porque eles lidam com os animais e, por vezes não têm a perceção de como tratá-los” e esta sensibilização vai “incutir regras” e “alterar o comportamento deles em relação aos animais”.

O processo pode demorar, mas esta professora compara com a temática do lixo que, de tanto de ser abordada na escola, já produz efeitos práticos.

“Já vemos que eles, durante os percursos que fazemos nas ruas da cidade, se preocupam em meter um papel de um rebuçado ao bolso e deitar no primeiro caixote do lixo que encontrarem”, apontou.

A escola agradece a iniciativa, baseada no voluntariado, da AMICA em parceria com a Câmara e Instituto Politécnico de Bragança e os quatro centros médico-veterinários da cidade.

A veterinária Raquel Pereira participou nesta sessão em que se alertam também que é crime e punido o abandono e maus-tratos de animais.

Esta médica afiançou que os profissionais notam “uma maior sensibilidade da população” de Bragança para as questões do bem-estar animal.

Apesar dos sinais visíveis da crise, que levam os donos a procurar, por exemplo uma alimentação mais económica para o animal, os cuidados básicos e o que é obrigatório não deixa de ser feito, garantiu.

“As pessoas olham para os animais de estimação de outra forma, no geral a evolução é positiva, procuram mais o veterinário, até porque as pessoas estão cada vez mais sozinhas e o animal de estimação é companhia e faz parte do agregado familiar”, observou.

O veterinário é a quem quase sempre recorrem quando encontram um animal abandonado ou outra emergência, uma situação que Raquel Pereira atribui também à falta, em Bragança, de um canil.

O que existe está localizado em Vimioso e serve vários concelhos.

Para colmatar esta lacuna, a AMICA reclama a construção em Bragança de uma Casa do Animal e tem a circular uma petição com um abaixo-assinado para enviar à Câmara.

Ana Isabel assegurou que “a maioria dos cães que estão no canil de Vimioso são de Bragança” e defende que “muito poucas pessoas” vão fazer uma deslocação de 50 quilómetros para procurar ou adotar um animal.

“Gostaríamos que a Câmara criasse uma Casa do Animal e, em parceria com as associações, tentar criar um centro de recolha diferente que não o canil de abate”, explicou.