O nervoso miudinho misturava-se com a alegria de estar a poucos minutos de conhecer a nova escola primária, a terceira instituição de ensino que a pequena Ariana Carvalho frequenta na sua ainda curta vida académica.

 

Apesar dos seus nove anos, conhecer mais uma escola não é novidade para Ariana, que vive na povoação de Bustelo, no concelho de Castro Daire.

 

Primeiro frequentou o jardim-de-infância da sede de freguesia, em Almofala, que fica a poucos quilómetros da casa dos avós, com quem vive, porque os pais estão emigrados em França, perto de Bordéus.

 

Seguiu-se a escola primária de S. Joaninho, desta feita a 12 quilómetros de casa, onde esteve do primeiro ao terceiro ano para agora ir frequentar o quarto ano da escola primária da sede do concelho.

 

A mudança não a assusta, bem pelo contrário: é encarada com alegria, pois terá oportunidade de conhecer e brincar com outras crianças da sua idade.

 

"Estou contente por ter mudado, a escola de S. Joaninho era boa e tinha um campo com largueza, onde jogava às apanhadas e futebol, mas agora vou conhecer mais meninos da minha idade", disse.


Como é a única criança da povoação de Bustelo em idade de frequentar a escola primária, aguardou pelo miniautocarro escolar, sozinha, até às 08:20.

 

Respirou fundo, conheceu a nova vigilante, que a vai acompanhar nas viagens de meia hora até chegar à escola, e subiu para a viatura.

 

A mãe, Lisete Martins, veio de França para estar presente no arranque do ano letivo da filha na sua nova escola.

 

"Penso que vai ser bom para ela: vai aprender e desenvolver mais com outros meninos", disse, desvalorizando o facto de ter passado por várias mudanças e de estar agora numa escola mais distante de casa.

 

No entanto, ainda não pôs de lado a ideia de levar a Ariana e a irmã mais nova, a Iara, para França.

 

"É uma opção que estamos a pensar seriamente. Por isso, ainda não sabemos muito bem para onde vai a nossa filha mais nova", apontou.

 

Em declarações à Lusa, o vice-presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), António Parente, explicou que com o encerramento da Escola de S. Joaninho, os 11 alunos inscritos - provenientes das freguesias de S. Joaninho, Cujó e Almofala - foram acolhidos em Castro Daire.

"Enquanto CNIPE, não estamos contra ou a favor de encerramentos de escolas, gostaríamos que fosse tudo tratado com base no diálogo, caso a caso. Onde fosse benéfico para pais e alunos, defendemos que se encerrem escolas, mas onde isso não acontece manteríamos a escola aberta", esclareceu.


A presidente da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Castro Daire, Ida Vicente, avançou que alguns pais mostraram-se descontentes pela informação tardia de que a Escola de S. Joaninho seria encerrada.

 

"O descontentamento manifestado pelos pais foi por não serem informados de que a Escola de S. Joaninho iria encerrar, tendo sido confrontados com isso no início do ano escolar. Uma das mães referiu que só na passada quinta-feira teve conhecimento de que o filho iria frequentar a Escola de Castro Daire".

 

Na sua opinião, "não houve informação" e "diálogo entre o Ministério de Educação e os pais dos alunos".

 

No concelho de Castro Daire estava sinalizado o encerramento de seis escolas, tendo sido concretizado apenas o fecho da Escola Primária de S. Joaninho.

 

O vereador da Câmara de Castro Daire, Rui Braguês, sublinhou que o executivo tentou defender "a manutenção de todas como pode, não conseguindo evitar o encerramento da de S. Joaninho que tinha apenas 11 alunos".

 

"Restou assegurarmos o circuito de transporte escolar e trazer os alunos para Castro Daire, onde irão depois prosseguir os seus estudos em termos de 2º ciclo", concluiu.

 

O concelho de Castro Daire tem atualmente 14 escolas primárias em funcionamento.

 

Por Lusa