A conclusão foi divulgada com muita cautela por Sarah Hutchison, investigadora da Universidade da British Columbia: crianças cujas mães tomaram antidepressivos enquanto grávidas apresentaram resultados mais elevados em testes de raciocínio e memória depois de completarem 12 anos. Com o pediatra Tim Oberlander, a cientista decidiu investigar as relações entre a exposição pré-natal aos chamados antidepressivos ISRS (inibidores seletivos de recaptação de serotonina) e as capacidades de pensamento e atenção em crianças de 12 anos.
O par estudou 51 crianças a partir das 26 semanas de gravidez e até completarem 12 anos de idade, dando especial atenção ao humor da mãe durante e após a gravidez e às funções executivas da criança quando completou aquela idade. Nessa altura, os miúdos foram sujeitos a testes para aferir uma série de habilidades que ajudam as crianças a prosperar na sala de aula e no local de trabalho, incluindo a flexibilidade, a resolução criativa de problemas, a capacidade de se concentrarem e o autocontrolo.
Os especialistas perceberam que o desempenho das crianças variava, dependendo se tinham ou não sido expostas a ISRS antes do nascimento: crianças com exposição a ISRS revelaram-se mais hábeis, segundo se pode ler num artigo do EurekAlert.
“Estas descobertas iniciais são importantes, mas é preciso estudar mais e perceber se as habilidades cognitivas destas crianças refletem uma vantagem de desenvolvimento em certos aspetos, mas também um eventual risco, como talvez o aumento da ansiedade”, sublinhou Tim Oberlander. “No nosso estudo, percebemos que quando as crianças tinham 3 e 6 anos, apresentavam níveis mais elevados de ansiedade. O facto de se terem atenuado aos 12 anos pode indicar que as suas competências mentais evoluíram e elas foram aprendendo a acalmar-se”.
“O impacto da exposição a antidepressivos durante a gravidez não se limita a uma equação simples entre causa e efeito”, sustentou Oberlander. Prosseguindo: “Quando se trata de avaliar o impacto a longo prazo da exposição ao ISRS antes do nascimento, os genes e a vida familiar desempenham um papel poderoso na forma como uma criança será afetada por isso”. E isto sem esquecer que “depressão na gravidez é um grande problema de saúde pública para as mães e para os seus filhos”. O não tratamento não é opção.
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