Os genes dos pais podem influenciar o receio sentido pelas crianças no regresso ao ambiente escolar, sugere um estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Montreal, no Canadá.

 

Muitos pais já devem reparado que os seus filhos se sentem nervosos na primeira semana de escola, ficam agitados e focam-se muito neles próprios. Este tipo de comportamentos é típico de uma elevada ansiedade.

 

De acordo com o coordenador do estudo, Richard Tremblay, a ansiedade sentida pelos estudantes no regresso à vida escolar está muitas vezes relacionada com os sentimentos incerteza criados perante a perspetiva de uma nova professora ou de novo ambiente escolar.

 

«É uma grande alteração no ritmo de vida das pessoas, especialmente das crianças. Aqueles que têm problemas de ansiedade criam frequentemente cenários desagradáveis nas suas mentes», refere o investigador.

 

Richard Tremblay acrescenta que a suscetibilidade a este tipo de receio não é simplesmente resultante da imaginação dos jovens estudantes, mas é também herdada dos seus pais. «Há um grande efeito genético em termos de comportamentos de ansiedade. A melhor forma de prever a ansiedade ou depressão sentida pelas crianças é a forma como os pais se debatem com estas mesmas condições. Ou seja, se alguém tem uma mãe ou um pai muito ansioso, está em maior risco de ser uma criança ansiosa», refere o investigador.

 

No entanto, a ansiedade pode também ser ampliada pelo ambiente que rodeia as crianças. Mas é certo que se os pais são ansiosos, os filhos terão mais dificuldades a aprender a lidar com este sentimento.

 

O investigador acrescenta que as crianças ansiosas podem ter grandes dificuldades em prestar atenção na escola o que pode, eventualmente, afetar seu desempenho escolar e as relações com os seus pares. O investigador incentiva os pais a acompanhar o comportamento dos filhos na primeira semana de aulas.

 

A experiência dos pais perante situações semelhantes, ocorridas no passado, vai de certo ajudar os filhos a ultrapassar este tipo de sentimentos. Caso a criança não reaja nas primeiras semanas de escola, Richard Tremblay aconselha os pais a procurarem ajuda na escola ou pedir apoio aos avós.

 

O investigador acredita que estes últimos têm um profundo conhecimento sobre como criar crianças ansiosas.

 

 

Maria João Pratt

 

Maria João Pratt