“Vamos, claro que vamos fazer exames, [porque] não se pode brincar com isto”, desabafou à Lusa Vasco Teixeira, aluno do Clara de Resende que às 08:30 já estava à porta da escola, apenas “nervoso com o exame” de Física e Química A que tinha pela frente, e não com a greve.

Na secundária Clara de Resende, onde as greves de funcionários públicos e de professores costumam ter impacto no seu normal funcionamento, a paralisação dos professores convocada para hoje não se fez sentir, cumprindo-se todos as provas programadas, quer os exames do 11.º como a prova de equivalência do 9.º ano.

Mesmo antes do toque que marcou o início das provas, às 09:30, a diretora da escola, Rosário Queirós, afirmou à Lusa que a greve dos professores não afetaria os exames marcados, porque “os serviços mínimos que o Ministério da Educação propôs” é o que o estabelecimento de ensino “tinha [programado já] para uma situação normal”. “Estou tranquila”, disse a diretora quanto à realização das provas, mas esta greve marcada para um dia de exames nacionais deixou-a “dividida”.

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Rosário Queirós admitiu que aderiu sempre às greves de professores, mas se tivesse que fazer esta “teria de pensar” muito bem, por ser convocada para data de exames. “Tinham um ano inteiro para convocá-la…”, desabafou.

Depois do toque das 09:30 para dar início às provas agendadas, Rosário Queirós confirmou que “tudo correu normalmente”, com a realização de todos os exames, com a presença de dois professores por sala.

Esta manhã, o Clara de Resende estava a contar com 181 alunos do secundário inscritos nos exames de nacionais do 11.º ano às disciplinas de Física e Química A, Geografia A e História da Cultura e das Artes e cinco alunos do 9.º inscritos na prova de equivalência de Física e Química.

Inês Freitas também decidiu ir para a escola quase uma hora antes da do exame de Física e Química do 11.º ano e nem pensou na greve, porque ouviu falar que “ia haver serviços mínimos”.

A sua professora de Física e Química “disse nas aulas que não concordava com esta greve e que não faltava, mas também disse que falava por ela”, afirmou Inês, que pretende neste exame ter um 20, nota para a qual estudou “muito”, realizando “todos os exames já feitos” nos anos anteriores e tendo explicações.

Pouco antes das 09:10, quando se ouviu o toque de chamada para as provas, um pequeno grupo de alunos do 11.º ano ainda fazia a revisão da matéria de Geografia à porta da escola, com a certeza de que a greve não afetava a prova prestes a começar.

O grupo centrava-se na dúvida se a União Europeia seria explorada no exame, tendo um dos alunos quase a certeza que sim, “por causa do ´Brexit´”.

Após a entrada dos alunos na escola e depois do toque que deu início às provas, o burburinho e o nervoso dos alunos deu lugar ao silêncio, que tomará conta daquele espaço até ao final dos exames.

A greve dos professores é convocada pelas principais estruturas sindicais de docentes, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), afeta à CGTP-In, e a Federação Nacional da Educação, afeta à UGT.

Os sindicatos decidiram avançar com a greve, após sucessivas reuniões inconclusivas com o Ministério da Educação, inclusive na véspera da paralisação, apresentando como reivindicações a abertura de concursos de vinculação extraordinária para docentes contratados, um regime especial de aposentação, o descongelamento de carreiras e uma redefinição dos horários de trabalho.

O Ministério da Educação assegurou estarem reunidas as condições para que os exames nacionais e as provas de aferição do 2.º ano do ensino básico se realizem dentro da "necessária normalidade" com a fixação dos serviços mínimos.