Em funcionamento desde julho de 2018, depois de um investimento de 650 mil euros da autarquia do distrito do Porto, aquele equipamento passou a ter, todas as segundas-feiras, alunos da Escola Profissional Agrícola Conde São Bento a aprender a tratar dos animais, procurando dar-lhe competências que o ensino regular não conseguiu.

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O professor Hélder Tulha contou à agência Lusa que o protocolo, celebrado com o município, foi "estabelecido no sentido de proporcionar momentos de experiência e de contacto com os animais, como uma mais-valia para os alunos e para o canil municipal".

A oportunidade para os 17 alunos da turma do 9.º ano de ajudar no "tratamento dos animais, limpeza das boxes, tratamento do pelo e das unhas" permite-lhes também "ajudar, de certa forma, no muito trabalho que existe no canil municipal", acrescentou o docente.

Todas as semanas, uma parte da turma ruma ao canil municipal para adquirir competências numa formação em contexto de trabalho, denominada "tratador de animais de cativeiro".

Com cerca de 32 cães e um gato a residir atualmente no espaço, desde julho já passaram pelo equipamento "cerca de 300 cães", referiu fonte da autarquia, informando que "10% deles receberam eutanásia", a pedido dos donos, e um "número substancial seguiu para adoção".

De um trabalho que fez com que haja hoje um "maior interesse e a criação de rotinas" pelos alunos, Hélder Tulha confessou que a rápida reação destes ao que lhes foi ensinado deixa "mais tempo para treinar a sociabilização dos animais, para que depois o processo de adoção seja facilitado".

Neste cenário, o futuro começa a ganhar novos contornos, admitindo o professor que "alguns deles [alunos] têm interesse [em seguir] esta área", facto que faz a escola "pensar, num futuro próximo, em fazer estágios", no âmbito da formação.

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João Teixeira, de 15 anos, já foi "mordido por um cão num dedo", mas a entrada no projeto fê-lo ultrapassar o medo que, com isso, ganhou, afirmando-se hoje um "fanático pelos cães".

"Gosto de fazer tudo o que seja relacionado com os cães. Quero no futuro ser dono de um canil", completou.

Mais contido nas palavras, mas igualmente entusiasmado, Tiago Martins, de 15 anos, continuou no projeto o hábito de lidar com cães em casa, afirmando à Lusa querer "ser veterinário", uma "vontade que aumentou" após começar a colaborar no canil.

O presidente da câmara, Joaquim Couto, lembrou o "investimento de cerca de 650 mil euros" feito pela autarquia na construção do equipamento, frisando que o protocolo "surgiu da sensibilização da opinião pública para a necessidade" de se olhar "para os animais com outros olhos e, sobretudo nos mais jovens, onde essa sensibilização é mais positiva".

O autarca admitiu à Lusa que possam surgir "mais protocolos com outras escolas e instituições".