“Hoje sabemos que as crianças que são amamentadas têm inclusivamente um índice mais elevado de inteligência, independentemente da inteligência da mãe ou das condições sociais, por exemplo, e uma capacidade maior na idade adulta de terem melhores empregos, de terem melhores salários”, sublinhou Henrique Barros, que é também presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

Ou seja, “posto em termos simples, embora o processo seja complexo, o aleitamento materno é um promotor do sucesso social e, nessa medida, ajuda cada uma das pessoas a ter uma vida melhor e as sociedades a serem igualitárias e mais ricas”, defendeu, em declarações à Lusa.

Henrique Barros proferiu esta sexta-feira uma conferência sobre “A contribuição da amamentação para a redução da pobreza e das desigualdades”, na Conferência Internacional de Aleitamento Materno, realizada pela Comissão Nacional Iniciativa Amiga dos Bebés/UNICEF, no auditório do Hospital Magalhães Lemos, no Porto.

“Sabe-se há muito tempo que o aleitamento materno é extraordinariamente eficiente do ponto de vista económico, porque está pronto, é o resultado do metabolismo e da vida da mãe e, desse ponto de vista, leva a que as famílias não se desequilibrem economicamente. É um contributo evidente para a capacidade de utilizar os recursos económicos para outras finalidades”, considerou o investigador.

Mas, “o mais importante é o facto de o aleitamento materno funcionar do ponto de vista psicológico e físico como um promotor extraordinário do crescimento e do desenvolvimento harmonioso das crianças”, sustentou.

“Infelizmente, tem de haver ações no sentido de o promover e de contrariar um certo movimento que existe por parte, nomeadamente, da indústria alimentar que força, digamos assim, a utilização de produtos alternativos e, com isso, quebra este círculo virtuoso e, pelo contrário, alarga as desigualdades”.

A organização da conferência sublinha que “o aleitamento materno é, no contexto de desigualdades, crises e pobreza em que vivemos a nível global, um dos mais importantes alicerces para uma boa saúde ao longo da vida das crianças e mães”.

E considera que “o impacto económico da amamentação é igualmente pertinente no combate às desigualdades socioeconómicas, uma vez que contribui para a redução das disparidades”.

A iniciativa marcou o arranque da semana dedicada ao Aleitamento Materno em Portugal, que se realiza entre 01 e 05 de outubro.

A UNICEF e a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertam que o investimento em políticas que promovem o aleitamento materno pode salvar a vida de mais de 800 mil crianças menores de cinco anos, todos os anos.