O telemóvel é uma ferramenta de comunicação que ajuda a tranquilizar os pais. As crianças também o usam para jogos, ouvir música e falar com os amigos. Não existe uma idade estabelecida, existem fatores externos que vão determinar essa decisão dos pais, por exemplo, a rotina da família, a autonomia da criança, a maturidade da criança, etc. No entanto, podemos considerar dar um telemóvel a partir dos 12 anos de idade. 

O telemóvel pode ser considerado uma ferramenta essencial para os pais garantirem a segurança e comunicação com os filhos.

Quando os filhos já têm autonomia para se deslocarem sozinhos para a casa-escola ou para outros locais, para andarem em transportes públicos, o telemóvel é uma ferramenta importante para os pais se sentirem tranquilos. Porém, também pode trazer tensões para a comunicação dos pais-filhos, nomeadamente, quando os filhos não mantêm uma atitude de responsabilização e de cooperação. Por exemplo, não atender as chamadas telefónicas, não responder às mensagens, ficar sem bateria.

Os telemóveis, quando usados em contexto de sala de aula, podem ser uma distração para os alunos e ter influência no desempenho académico

Os estudos demonstram existir uma associação na utilização excessiva do telemóvel a um pior desempenho académico e a impactos negativos no bem-estar físico e mental de crianças e jovens.

O tempo passado à frente de ecrãs desempenha um importante papel na qualidade do sono das crianças e jovens. A Organização Mundial da Saúde recomenda limites diários para essa atividade, nas fases de desenvolvimento iniciais: no primeiro ano de vida, deve ser nulo, aos dois anos, menos de uma hora por dia, e, entre os três e os quatro anos, nunca mais de uma hora. 

Benefício do uso do telemóvel em contexto escolar

Na minha opinião, nos recreios as crianças e os jovens, precisam interagir cara a cara, ter espaço para serem criativas, brincarem, conversarem. Os jogos e as brincadeiras, são oportunidades para as crianças aprenderem a resolver problemas.

Existem outros dispositivos eletrónicos (p.e., computador) que facilitam as atividades académicas, como as pesquisas na internet e os trabalhos de grupo.

O telemóvel, em contexto escolar, pode levar ao cyberbullying e prejudicar o aluno a nível de desempenho académico

A criança ou o jovem vítima de cyberbullying, é sujeita a comportamentos que causam sofrimento e que colocam em causa o desenvolvimento saudável. Trata-se de um problema que pode comprometer a aprendizagem, perturbar as relações interpessoais e o desenvolvimento socio-emocional.

A criança está na escola em constante estado de alerta, não se sente segura nem protegida. Consequentemente, não sente interesse e motivação para as aprendizagens.  Existe uma maior vulnerabilidade a problemas de saúde psicológica, como a depressão, a ansiedade, perturbação de pânico.

Medidas de prevenção que devem ser tomadas

Sessões de informação para as crianças, jovens, famílias, professores e assistentes operacionais, sobre o que o cyberbullying; a que sinais e comportamentos devemos estar atentos; encorajar a pedir ajuda; a denunciar sem medo e sem vergonha; saber como podemos ajudar a criança que foi vítima de cyberbullying.

A proibição dos telemóveis na escola pode ser uma boa solução

Na minha opinião, mais importante que proibir é ensinarmos as crianças e os jovens a saberem utilizar os dispositivos eletrónicos. Os pais e as escolas devem ensinar que as tecnologias são boas, mas que existe mais para além disso.

Também cabe às famílias dar o exemplo, ou seja, não utilizarem o telemóvel quando estão a brincar ou a conversar com os filhos.

Outra dimensão importante, é a supervisão dos pais na utilização do telemóvel e os riscos do mundo online. Não só para evitar o acesso a conteúdos desadequados à idade, mas também para a prevenção da dependência.

Um artigo da psicóloga Isa Silvestre.