Há algum tempo que os cientistas sabem que as hormonas influenciam o apetite sexual. Quando as mulheres estão no período fértil – com os níveis de estrogénio bem altos e os de progesterona cá em baixo – tendem a sentir-se mais atraídas por homens corpulentos e masculinos, coisa que muitas vezes não acontece durante o resto do tempo.
E o que acontece ao desejo sexual das mulheres durante a gravidez? Robert Burriss, investigador da Universidade de Basileia, na Suíça, e professor nas universidades de Liverpool e de Chester, no Reino Unido, explicou à Psychology Today que “à medida que a gravidez avança, os níveis de estrogénio e progesterona crescem a um ritmo acelerado, só parando na 36ª semana, quando as hormonas estabilizam”.
O especialista defende que, “se as alterações hormonais no ciclo menstrual já afetam a forma como as mulheres encaram os parceiros, certamente que as mudanças ainda mais drásticas associadas à gravidez terão um forte impacto.”
Burriss cita o trabalho da psicoterapeuta Erika Limoncin, da Escola de Sexologia da Universidade de L'Aquila, Itália, sobre o papel das hormonas da gravidez no desejo sexual. Limoncin recrutou 70 mulheres não grávidas e 46 mulheres no terceiro trimestre de gravidez e mostrou a todas fotografias de rostos que tinham sido manipulados para parecerem mais masculinos ou femininos.
As mulheres só tinham de escolher o homem que achavam mais atraente, tanto para uma relação de longo prazo como para uma aventura de uma noite. Pesquisas anteriores tinham provado que as mulheres consideram os homens viris especialmente atraentes para encontros casuais, mas preferem indivíduos com traços mais suaves para relacionamentos duradouros.
Como previsto, Limoncin comprovou que as suas cobaias não grávidas preferiam os rostos másculos para uma relação passageira e os mais ‘femininos’ para ligações duradouras. A preferência por esses traços de feminilidade foi cinco vezes mais notório nos casos das mulheres não grávidas que estavam a avaliar um parceiro de longo prazo.
Análises posteriores indicaram que o efeito da gravidez nas leis do desejo feminino é maior do que o causado pela ovulação.
Se as preferências das mulheres pelo sexo oposto variarem tanto como as suas hormonas, isso significa que o seu desejo pelo pai do seu filho também será vulnerável? Todos esperam que não.
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