Enquanto os filhos são bebés, o tema da segurança dentro do automóvel é muito presente na cabeça dos pais. No entanto, à medida que crescem e vão deixando de caber primeiro no ovo e depois nas cadeirinhas mais pequenas, pode acontecer que já não pareça tão importante.

 

Esta é uma atitude que pode ter consequências bastante indesejáveis. Qualquer passageiro que viaje no interior de um veículo corre riscos, independentemente da idade. O caso das crianças é particularmente sensível, já que as sequelas de um acidente podem comprometer seriamente o seu desenvolvimento físico e mental.

 

Os números oficiais estão longe de serem animadores. Os traumatismos, ferimentos e lesões resultantes de acidentes são a maior causa de morte e incapacidades infantil em quase todos os países desenvolvidos.

 

E Portugal está no topo das más notícias. Somos dos piores países da União Europeia, com cerca do dobro do número médio de fatalidades com crianças no Velho Continente. Por tudo isto, vale a pena apostar na prevenção, desde cedo e sempre.

 

 

Percursos curtos e perigosos

 

A maior parte dos estudos sobre sinistralidade rodoviária são unânimes: um número significativo de acidentes acontece em percursos curtos, por exemplo no trajeto casa-escola ou escola-casa.

 

Confiantes de que nada correrá mal nas poucas centenas de metros que têm de percorrer, muitos adultos descuram algumas regras básicas – como sentar as crianças em sistemas de retenção apropriados à sua idade – e causam assim consequências sérias quando efetivamente acontece o pior.

 

 

Regras indispensáveis

 

A utilização da cadeirinha é indispensável, e obrigatória por lei, até a criança ter 1,5m de altura ou 36 quilos. As mais recentes investigações apontam para as vantagens de instalar a cadeirinha voltada para trás até aos três anos, já que as consequências físicas de um embate são muito menores.

 

A partir dessa idade e até aos 7 ou 8 anos, as cadeirinhas ficam viradas para a frente e acompanham o crescimento. Nessa altura, poderá passar para um banco elevatório, se o cinto de segurança já não incomodar a criança no pescoço.

 

Se isso acontecer, ou se o automóvel não tiver encostos de cabeça nos bancos traseiros, poderá ser melhor continuar a utilizar a cadeira de apoio completa, para que a criança mantenha o pescoço protegido, em caso de choque por trás.

 

 

Fora do automóvel

 

As crianças não são apenas passageiros, são também condutores – de bicicletas, por exemplo – e peões. Assim, é importante adotar também comportamentos de prevenção nestas circunstâncias.

 

Quando estiverem a andar de bicicleta, não se esqueça do capacete próprio e adequado à idade e ao tamanho (se for acompanhado de cotoveleiras e joelheiras, tanto melhor) e opte, sempre que possível, por percursos afastados de vias de tráfego concorridas. As ciclovias são uma ótima opção.

 

Na qualidade de peões, o importante, antes de mais, é verem e serem vistos. Escolher o passeio no sentido contrário ao do trânsito, vestir roupas chamativas, ou mesmo refletoras e optar pelos percursos mais seguros, mesmo que sejam mais longos, são boas estratégias de segurança.

 

Por fim, uma última palavra para os adultos que conduzem. Nunca se sabe quando, subitamente, uma criança surge na via. Pode ir atrás de uma bola, de um cão ou estar, pura e simplesmente, distraída.

 

Nunca é demais relembrar a importância de respeitar os limites de velocidade, mas isto torna-se especialmente importante em zonas residenciais, junto de parques, escolas e outros locais habitualmente frequentados pelos mais novos. Conseguir parar o carro a tempo faz, muitas vezes, a diferença entre a vida e a morte.

 

 

Maria Cristina Rodrigues