Segundo a UNICEF (United Nations Children's Fund), o afogamento ainda é responsável por meio milhão de mortes por ano em todo o mundo, continuando a ser a segunda causa de morte acidental nas crianças – apenas ultrapassada pelos acidentes rodoviários.
Entre 2002 e 2010 ocorreram em Portugal, pelo menos, 177 afogamentos com crianças e jovens com desfecho fatal, sendo que, de acordo com estimativas da APSI (Associação para a Promoção da Segurança Infantil), este número pode ultrapassar as 180 mortes.
Para um melhor enquadramento relativamente a esta causa de morte nas crianças e jovens, através dos dados da APSI, de referir também que, a maior parte dos afogamentos (49%) ocorreram em planos de água construídos (tanques, poços, piscinas), e 44% aconteceram em planos de água naturais (praias, rios/ribeiras/lagoas), abrangendo as diferentes faixas etárias, 0-18 anos.
O facto de a criança não saber nadar é um dos contributos para a alta taxa de mortalidade relacionada com este tipo de acidentes. Esta é uma das razões que está na base da recomendação da APSI para o Governo – a introdução de um programa de aulas de natação nas escolas portuguesas.
A natação é recomendada a partir dos 3 meses, havendo condições adequadas para a sua prática. Este precoce contato com a água, vai permitir que o bebé aquira à vontade, conseguindo também precaver alguns dos comportamentos fóbicos que se adquirem posteriormente, tornando a água um meio cada vez mais natural e prazeroso.
Depois desta fase, em que se cria uma relação mais natural com o meio, é instintivo que a fase seguinte de AMA (Adaptação ao Meio Aquático) seja mais espontânea e enriquecedora. Aqui, a criança começa a ter um contato com a água de maneira mais metodológica e aprende, sobretudo, a adquirir competências de sobrevivência em determinadas situações, sobretudo quando depende só dela, sem ajuda de materiais para se deslocar na água.
É nesta fase que se introduzem algumas das bases fundamentais para uma melhor Adaptação ao Meio Aquático e também para o ensino das técnicas de nado, sendo elas: a flutuação (dorsal e ventar), batimentos de pernas e a respiração com imersão da cara na água. Sem dúvidas que a aquisição progressiva destas competências darão confiança para que a criança consiga deslocar-se e manter-se à superfície da água.
É essencial nesta fase que a criança aprenda a respeitar e a conhecer alguns perigos que o meio apresenta, quer seja em piscina ou mar. Tal permite um controlo maior por parte da criança, no meio e perto dele.
Daqui para a frente a evolução tende, também, a ser técnica, permitindo adquirir componentes técnicas dos diferentes estilos - crol, costas, mariposa e bruços. Na fase de Iniciação aos Estilos, de uma forma mais rudimentar e, posteriormente, na Aprendizagem e Aperfeiçoamento dos estilos, seguindo, tal como o nome indica, uma linha metodológica que permite à criança/jovem ter um conhecimento mais aprofundado dos estilos.
O desconhecimento do meio, e o facto da criança não ter competências base de natação, aumenta muito o risco de incidentes no meio aquático.
A Natação, e tudo o que a sua aprendizagem envolve, é uma excelente base para a prevenção de riscos ligados ao meio aquático.
Milene Faustino
Personal Trainer Holmes Place Parque das Nações
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