São uma das grandes fontes de alegria – e, muitas vezes também de sobressaltos – quando começam a romper. O bebé pode até ficar rabugento, com febre ou outra qualquer manifestação física, mas o facto é que o surgimento dos primeiros dentes é recebido com satisfação. É mais um sinal de desenvolvimento harmonioso.

 

No entanto, muitas vezes, a partir do momento em que surgem, os dentes de leite acabam por ser menorizados. Tudo porque existe a perspectiva de que, mais cedo ou mais tarde, vão acabar por ser substituídos pelos definitivos. E esses sim, é a convicção de muitos adultos, é que serão os merecedores de toda a atenção.

 

 

Tarefas múltiplas

 

Essa visão de limitação do papel dos dentes de leite não pode estar mais longe da verdade. É certo que vão acabar por cair mas, antes disso, são essenciais na saúde e no crescimento da criança.

 

Em primeiro lugar, esta dentição (designada pelos médicos como “dentes decíduos”) é fundamental para a aprendizagem da mastigação dos alimentos. Quanto mais competente a criança for a mastigar, melhor bolo alimentar forma na boca e melhor será todo o processo de digestão.

 

Por outro lado, os dentes de leite são uma ajuda preciosa no crescimento e desenvolvimento correcto dos ossos e músculos da face. É em conjunto com a primeira dentição que se vão definindo as características funcionais, físicas e até estéticas do rosto infantil. Quando algo não está bem com a dentição de leite, isso vê-se, e bem, na cara.

 

Em terceiro lugar, os primeiros dentes surgem em simultâneo com o desenvolvimento da fala. E se a criança puder contar com uma dentição no seu lugar correcto, provavelmente evitará alguns problemas de pronunciação.

 

Ter dentes de leite em bom estado – sem cáries ou outros problemas – também ajuda a criança a ganhar auto-estima e orgulho na aparência saudável da sua boca. E é também um bom estímulo para adquirir e manter bons hábitos de saúde e higiene oral.

 

Por fim, a dentição de leite “guarda” o espaço mais adequado para os dentes definitivos, garantindo que estes, quando surgirem, fiquem implantados na posição mais adequada. Este processo varia de criança para criança e não é incomum que o primeiro dente de leite caia entre os cinco e os oito anos.

 

 

Começar cedo

 

A higiene oral deve começar mesmo antes de o bebé ter dentes, sendo feita com uma compressa molhada nas gengivas, após as refeições, mesmo as de leite.

 

Depois do surgimento dos primeiros dentes, a limpeza é feita duas vezes ao dia com uma compressa e, mais tarde, com uma escova macia e um pouco de dentífrico especial para dentes de leite.

 

A lavagem dos dentes deve ser apresentada à criança não como uma tarefa aborrecida mas sim como um momento divertido, em que ela mostra cada vez mais autonomia, e que terá como resultado uma boca bonita e saudável.

 

Há também que educar a criança em termos alimentares, limitando o consumo de produtos ricos em açúcar e evitando que ela se deite sem antes proceder à lavagem dos dentes, em especial se bebeu leite ou ingeriu algo antes de ir para a cama.

 

 

Ir ao dentista

 

Segundo as recomendações da Direcção-Geral da Saúde, a criança deverá ser vista pelo dentista por volta dos três anos, quando tem já implantados todos os dentes de leite.

 

No entanto, se os adultos observarem algum incomum, por exemplo atrasos significativos na implantação dos dentes, alterações de posicionamento, coloração diferente ou cáries, devem consultar o dentista o mais depressa possível. O mesmo acontece se acontecer uma queda com possível traumatismo dentário.

 

 

Maria C Rodrigues