Mais conhecida como eczema, esta é uma doença de pele influenciada pela herança genética, pela forma como o sistema imunitário reage e, até, pelo local onde vivemos. "Cerca de 90% dos casos de dermatite atópica começam antes dos cinco anos de idade e mais de 10% das crianças portuguesas sofre da doença", refere Mário Morais de Almeida, médico imunoalergologista. Comichão, vermelhidão e pele seca são os principais sintomas que podem originar uma saída de fluido quando a pele é coçada.
A epiderme pode, em muitos casos, infetar e ficar espessa e escura, ao fim de vários anos. "Os cotovelos, os pulsos, a área atrás dos joelhos e as orelhas são as zonas afetadas mais comuns na infância", adianta o especialista, que também é professor. "Mais tarde, surge, também, nas mãos e nos pés. Nos bebés, é mais comum no rosto", acrescenta ainda o médico imunoalergologista, que dá um conselho a pais e cuidadores. Os banhos devem ser curtos e sempre com água morna. A quente é, por isso, de evitar.
Os produtos a usar nos rituais de cuidado diário da epiderme destas crianças não devem ter perfume nem lauril éter sulfato de sódio. O hidratante específico para as peles com esta doença deve ser aplicado, pelo menos, duas vezes por dia para contrariar a secura da epiderme. No vestuário, devem evitar-se as peças de lã ou de fibra artificial. O ideal é, mesmo, optar por peças em algodão. Coçar a pele agrava a irritação cutânea e favorece infeções. Para evitar que as crianças afetadas o façam durante o sono, é ainda aconselhável usarem luvas e manterem as unhas cortadas e suaves.
Metade das pessoas que têm dermatite atópica durante a infância continua a ter a doença na idade adulta, ainda que por vezes de forma menos intensa. Entre 3% a 5% dos adultos, em todo o mundo, tem este problema e 50% das pessoas com dermatite atópica grave herdou a doença através de um gene anómalo, conhecido por filagrina. Nos dias que correm, continuam a ser muitas as dúvidas dos pais e dos educadores. "É, no entanto, importante desmistificar", defende, contudo, Mário Morais de Almeida.
A dermatite atópica não é uma doença contagiosa e nem sempre é provocada pela alimentação, "embora algumas alergias alimentares possam agravar o eczema", sublinha, no entanto, o médico imunoalergologista. Os especialistas mais indicados para estes casos são o dermatologista e o alergologista. O tratamento mais comum inclui, por norma, medicação tópica para reduzir a inflamação e anti-histamínicos orais que podem ser, fundamentalmente, usados à noite para favorecer a qualidade do sono.
Pode, todavia, ser necessário efetuar testes alergológicos para identificar possíveis alergias passíveis de piorar, com o tempo, a dermatite atópica. O risco de desenvolver esta doença é superior entre o sexo feminino, em pessoas com história familiar desta doença ou de asma e no caso de quem viva em locais frios. É por isso, importante procurar locais com temperatura amena. "Devem, portanto, evitar-se ambientes muito secos e/ou que estimulem a transpiração", adverte Mário Morais de Almeida.
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