Ao fim de quase 12 anos, o programa de saúde oral criado pela Direcção-Geral da Saúde tarda em ser posto em prática pela população. O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral estabelece uma série de medidas de forma a reduzir a incidência e prevalência das doenças orais em criança e jovens. Algumas das indicações importantes são:

  • A higiene oral (escovagem dos dentes) deve começar quando surge o primeiro dente e ser realizada com dentífricos de quantidade elevada de flúor (1.000-1.500 ppm). A dose é equivalente à unha do dedo mindinho da criança e a escovagem deve ser realizada, no mínimo, duas vezes por dia (uma delas obrigatoriamente antes de dormir);
  • Cumprindo esse pressuposto, deixa de estar indicada a suplementação com flúor, exceto a partir dos três anos para crianças com alto risco de cárie;
  • Em casa e no jardim-de-infância, devem ser ensinados os princípios de uma alimentação saudável, incluindo a escolha de alimentos menos cariogénicos.

Apesar de ser um tema controverso, é sensato realizar a primeira consulta por volta dos três anos, quando a criança já é capaz de colaborar melhor. Se surgir algum problema antes, deverá ser antecipada.

Há quem defenda que seria melhor antes dos dois anos, mas a maior parte das crianças nessa idade não consegue colaborar adequadamente. Em jeito de conclusão, tenho que deixar um conselho a todos os pais: sejam bons exemplos!

Se os vossos filhos vos virem preocupados com a saúde e higiene oral, certamente irão valorizar esse comportamento.

Consultório:

[Sílvia Barros]

Tenho uma bebé com quatro meses, ainda a aleitamento materno. Daqui a um mês regresso ao trabalho e, como é o pai que vai ficar com ela, tentamos dar-lhe o leite materno com o biberão, para se adaptar. Ela não sabe como manter a tetina na boca. Já tentámos vários biberões e tetinas diferentes, ser outra pessoa a dar-lhe o biberão e nada resulta. Existe algo que possa fazer para ela aprender?

Essas situações podem ser difíceis de resolver. Tente dar o seu leite no biberão e vá insistindo aos bocadinhos, sem massacrar. É boa ideia ser outra pessoa a dar, para não sentir o seu cheiro, e tente ir variando as tetinas e os materiais de que são feitas, experimentando látex e silicone, com diferentes formatos e formas de libertação do leite.

[Viviane Fonseca]

Na sequência da leitura de "Não deixe para amanhã o que o bebé pode comer já", na Revista Saúda, no final do texto indica que podemos expor as nossas questões. A situação é sobre a minha filha Maria. Na transição da sala dos dois anos para a dos três anos só há duas vagas. E estão quatro meninos "condicionados", porque fazem anos depois de 15 de Setembro. A ideia da educadora é juntar estes meninos com os que transitam para a sala dos dois anos, mas distinguindo o grupo dos demais, fazendo actividades iguais às da sala dos três, se os pais concordarem. Se algum pai não concordar, a selecção é feita pelos requisitos do regulamento interno: ter um irmão; estar há mais tempo na instituição. Por estes critérios, a Maria não é candidata à vaga. A questão é se a mantenho na sala dos dois anos ou a passo para a sala dos três anos? A educadora referiu que, se a Maria reunir as competências necessárias, podia, na transição da sala dos dois, passar directamente para a sala dos três ou, na transição da sala dos quatro, passar para a primária. Tenho medo de tomar uma decisão com este fundamento e depois ela ter capacidades e não haver vaga... O que acha?

Se calhar está na altura de pensar com que idade pretende que a sua filha entre para a Escola Primária. Se decidir que só entra quando tiver os seis anos já feitos, pode mantê-la na sala dos dois anos, porque na verdade são os meninos que a vão acompanhar futuramente. Provavelmente essa será a opção mais sensata, até porque ela não se sentirá desenquadrada, seguramente. Por vezes também funciona como estímulo ser a mais velha...

Ponha a sua questão ao pediatra: Tem dúvidas? receios? angústias? O Dr. Hugo Rodrigues responde.

Escreva para pediatria@sauda.pt

Texto de Hugo Rodrigues (pediatra)

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