A saúde dos olhos, ouvidos e dentes do seu filho deve ser vigiada desde cedo. Mas sabe qual a idade certa e como o pode proteger?

 

Que não haja dúvidas, o pediatra, médico cuja formação é dedicada à criança, do nascimento até aos 18 anos, deve ser o braço direito dos pais no que toca à saúde dos filhos.

 

Observando a criança na maternidade, na primeira semana de vida e nos momentos-chave definidos no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil, avalia «aspetos físicos, como o crescimento e os sinais e sintomas dos órgãos e sistemas do organismo, assim como o desenvolvimento psicomotor, o comportamento, os hábitos de higiene e de vida saudável e rotinas como a alimentação e o sono», explica a pediatra do desenvolvimento Mónica Pinto.

 

Cabe-lhe dar conta «da evolução da criança, tem de estar atento a sinais de alarme e aconselhar sobre a melhor forma de a ajudar a otimizar os seus recursos e a ter uma vida saudável». Pode, por isso, ter de envolver outras especialidades, até porque «é importante realizar rastreios que abordam patologias muito prevalentes».

 

Visão


A especialidade relacionada com a visão denomina-se oftalmologia pediátrica e a primeira consulta deve ocorrer antes dos dois anos, isto porque «A qualidade visual depende do desenvolvimento do córtex visual, que decorre da sua estimulação com imagens nítidas e se completa pelos quatro anos», explica o oftalmologista Jorge Breda.

 

«Em crianças com um a dois anos, o médico procura que fixe um objeto a 30 centímetros e avalia a posição da cabeça e dos globos oculares e a motilidade ocular. Verifica se há opacidades dos meios transparentes, córnea e cristalino, instila gotas para medir a refração, examina o nervo ótico e a retina e mede a tensão ocular. Mais tarde, pode medir a acuidade visual, testar a estereopsia (visão em profundidade) e avaliar as cores», refere o especialista.

 

«O mais importante é os pais terem noção de que os filhos devem ser observados cedo, sobretudo se há história familiar de doenças oculares», já que, muitas vezes, as crianças não se apercebem ou não se sabem queixar. Devem também alertar o médico para situações como desvios oculares, tremor dos olhos, inclinar da cabeça, cerrar um olho perante luz intensa, lacrimejar, coçar, olho vermelho, proximidade exagerada da televisão, dores de cabeça e dificuldades de aprendizagem ou em identificar objetos à noite.

Saúde oral

 

A especialidade denomina-se odontopediatria e a primeira consulta deve ocorrer quando os primeiros dentes nascem.

 

No limite, deve ser realizada até a criança ter um ano.

 

Se o risco de cáries for baixo, a criança deve ir a cada seis meses, caso contrário a cada três meses.

 

Esta consulta serve para «estabelecer um plano preventivo e/ou terapêutico para obter um ótimo desenvolvimento da dentição e que a criança comece a estabelecer uma relação de confiança com o dentista», refere a médica dentista odontopediatra Inês Cardoso Martins.

Na consulta, «é feito um exame oral, são dados conselhos de higiene oral e alimentar e é observada a existência de hábitos orais nocivos. Os pais deverão fornecer os antecedentes médicos e familiares da criança de saúde geral e oral». Os pais também tem um papel importante ao nível da saúde oral dos seus filhos. Para além de evitar dar alimentos açucarados ao seu filho, deve escovar-lhe os dentes, «após a erupção do primeiro, duas vezes por dia, uma delas sempre após a última refeição».

 

Faça-o com uma «escova macia e uma pasta com flúor apropriada à idade. Após os sete anos, a criança pode fazê-lo sob supervisão». Assegure-se que ela deixa de usar o biberão entre os 12 e os 16 meses. Usar chupeta ou chuchar no dedo são hábitos que devem ser abandonados até os três anos. «Podem prejudicar o normal crescimento das arcadas, causando alterações no posicionamento dentário», justifica a especialista.

 

Nariz, ouvidos e garganta


Devem ser feitos «rastreios auditivos ao nascer e por volta dos seis anos, antes do início da escolaridade obrigatória, e o pediatra deve encaminhar para o otorrino se houver atrasos na aquisição de linguagem», salienta Luísa Monteiro, otorrinolaringologista. Os pais devem descrever ao médico:

 

- Infeções de repetição, como adenoidites e sinusites (manifestadas por nariz obstruído e secreções nasais espessas, por vezes com febre) e anginas ou amigdalites.

- Distrações, como quando as crianças dizem «hã?» com frequência e sobem o volume da televisão. As otites de repetição podem ocorrer com baixa auditiva não definitiva.

- Obstrução, espirros, secreções, comichão no nariz e dores de garganta, com febre ou não, crises de falta de ar com tosse de cão e voz ou choro rouco e ruído inspiratório.

-  Ressonar intenso e irregularidades respiratórias (apneia obstrutiva do sono).

 

Texto: Rita Miguel com Inês Cardoso Martins (médica dentista odontopediatra), Jorge Breda (oftalmologista pediátrico), Luísa Monteiro (otorrinolaringologista) e Mónica Pinto (pediatra do desenvolvimento)