As patologias cutâneas da infância mais frequentes são a Dermite Atópica, as Verrugas Víricas (“cravos”), os Moluscos Contagiosos e os Nevos Melanocíticos (“sinais”), sendo as três primeiras aquelas que maior impacto têm, seja pela afetação da qualidade de vida, seja pela sua potencial interferência com as atividades do dia-a-dia.
Dermite Atópica (DA)
É uma doença crónica/recorrente, geneticamente determinada à qual se podem associar fatores ambientais. Afeta 10 a 20% das crianças, sendo frequente uma história pessoal ou familiar de rinite alérgica/asma.
O diagnóstico é clínico, baseado num conjunto de características clínicas cardinais: o prurido (“comichão”), a localização típicas das lesões, a xerose (“secura”).
As crianças com DA têm uma maior suscetibilidade à ocorrência de infeções cutâneas, por vezes com morbilidade significativa.
A hiperreatividade (“sensibilidade”) cutânea a múltiplos estímulos é frequente, podendo induzir crises de agravamento do eczema. Por isso os alergénios potenciais devem ser identificados por uma história minuciosa e/ou por testes de hipersensibilidade (“alergia”).
O tratamento eficaz da DA requer cuidados constantes e prolongados, incluindo a aplicação diária de emoliente (“hidratante”), terapêutica tópica - corticóides são a pedra basilar - ou sistémica, nos casos de maior gravidade, e eliminação dos fatores comprovadamente agravantes.
Verrugas víricas
As verrugas (“cravos”),causadas pelo papilomavírus humano, atingem 7 a 10% da população geral , sobretudo crianças em idade pré-escolar e jovens adultos. O contágio ocorre em pequenos grupos (casas) ou grandes (ginásios, piscinas), favorecido por pequenos traumatismos. Têm diferentes apresentações clínicas – verrugas vulgares, plantares, planas, filiformes.
Apesar da cura espontânea ser possível, a sua contagiosidade aconselha o tratamento precoce; a dor e o desconforto que induzem em certas localizações exigem medidas terapêuticas adequadas ao tipo clínico e à localização.
Moluscos contagiosos
Causados por um poxvírus, ocorrem em número variável até às dezenas, com localização preferencial ao tronco, face e região anogenital. A sua disseminação é por vezes importante, particularmente na criança com dermite atópica. Por vezes rodeia-se de halo inflamatório (“vermelho”) que poderá corresponder a um modo de cura espontânea. Dada a sua contagiosidade e risco de auto-inoculação elevados o tratamento é aconselhado. As formas disseminadas são de difícil tratamento.
As explicações são de Eduarda Osório Ferreira, médica especialista em Dermatologia e membro do Grupo Português de Dermatologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia.
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