Teresa Fonseca, administrativa, tem dificuldade em compreender os receios da filha, que muitas vezes acorda a chorar de noite com medo de piratas. «Não sei onde é que ela foi buscar essa fobia», assume a mãe de Carlota, atualmente com cinco anos. Infelizmente, está longe de ser um caso isolado. «Por volta dos seis anos, é frequente a criança ter pesadelos, sonhar com monstros e/ou ladrões e ter memória disso, ficando, assim, com medo de se deslocar pela casa sozinha, depois de escurecer», esclarece Ana Serrão Neto, médica pediatra, coordenadora do Centro da Criança do Hospital Cuf Descobertas, em Lisboa.
«É fundamental os pais perceberem a razão do medo do escuro e conversarem, por exemplo, à hora da refeição, sobre estes medos com os filhos. Mostrar e evidenciar que as portas e as janelas estão fechadas e que ninguém pode entrar em casa pode ajudar a criança. Se os pais contarem uma história e derem um momento de ternura ao deitar também ajuda a criança a relaxar», aconselha a especialista, que não vê mal no recurso a soluções que, apesar de pouco económicas, podem surtir um efeito positivo.
«Deixar uma luz de presença na fase de maior medo pode ser útil para algumas crianças», admite a médica pediatra. «Em qualquer idade, é essencial os pais afirmarem que estão lá para defenderem os filhos, que ninguém lhes faz mal com eles por perto. As crianças precisam que os pais sejam afirmativos e que lhes transmitam segurança», refere mesmo a coordenadora do Centro da Criança do Hospital Cuf Descobertas.
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