Os pais e as mães podem ter muita dificuldade em lidar com esta agressividade da criança, até porque se a situação não for episódica pode tornar-se um problema na dinâmica familiar, escolar e social.

Vários estudos demonstram que as relações familiares agressivas podem potenciar o desenvolvimento de padrões de agressividade nos(as) filhos(as). É o que acontece em situações de violência doméstica, isto é, assistir a cenas de violência ou ser o alvo de violência pode aumentar a probabilidade da criança sentir que esta é uma forma de responder à raiva, revolta, contradições e obstáculos na vida.

A ausência de consistência na atitude da figura parental perante um comportamento de agressividade pode também criar dúvidas na criança do que é o comportamento expectável, ou seja, se a família numa dada situação permite um determinado comportamento e noutra ocasião não tolera esse mesmo comportamento, gera sensação de incoerência na criança, levando a que esta fique confusa quanto ao certo e ao errado.

O que fazer? Como agir durante a situação? O que pensar?

Os adultos têm algumas vezes dificuldade em lidar com a agressividade da criança e acabam por responder ao pedido de atenção com agressividade, quando seria mais adaptativo e educativo se pudessem demonstrar à criança que existem outras formas de reagir ao ambiente evitando a agressividade. Por vezes a decisão dos pais e das mães passa por estabelecer consequências, neste caso, importa que estas consequências estejam relacionadas com o comportamento a alterar.

Se os pais e as mães estiverem mais atentos(as) às vivências dos(as) seus(suas) filhos(as) e elogiarem reforçando comportamentos adequados, a criança compreenderá que pode chamar a atenção com acontecimentos desejáveis em vez de comportamentos agressivos.

Quando é que a família deve tomar uma atitude?

A agressividade da criança que se pode traduzir em atitudes hostis, é também parte do desenvolvimento infantil. Trata-se de uma forma da criança marcar e construir a sua independência. Nos primeiros anos de vida, a criança não domina inteiramente os recursos de comunicação e por isso pode exprimir os seus sentimentos ou contrariedades com comportamentos de agressividade. Nesta fase de desenvolvimento quer uma resposta imediata aos seus desejos. É necessário que as figuras parentais saibam colocar limites e regras firmes com consistência para que as crianças possam compreender a importância de controlar determinados impulsos.

Ao longo do seu crescimento a criança vai apreendendo outras formas de conquistar e satisfazer as suas necessidades, sendo que a agressividade não desaparece. Por outro lado começam a perceber que podem alcançar objetivos utilizando outros meios como a negociação e a partilha.

Quando é que a agressividade é um problema?

A agressividade pode ser um problema quando é uma constante na resposta aos desafios impostos à criança. Isto pode ativar a necessidade da família questionar eventuais razões e motivos para este acontecimento perdurar no quotidiano.

Porque é que a criança é agressiva?

Se a agressividade é uma resposta descontrolada e desorganizada da criança exteriorizar as suas emoções, isto pode significar que está a remeter um pedido para “reparem nela”, ou seja, está a tentar chamar a atenção do pai e/ou da mãe ou de outras figuras significativas da sua vida.

É muito importante compreender a causa da agressividade e não negligenciar um comportamento agressivo, pois neste caso, poder-se-á estar a contribuir para a manutenção desse comportamento.

São vários os fatores que podem desencadear a agressividade na criança, mas é importante refletir acerca do papel da família na agressividade. Segundo Ballone (2002), a hostilidade e a competição conjugal podem incitar a criança a experimentar desequilíbrio emocional interno e insegurança. O mesmo pode acontecer (a insegurança na criança) se existirem diferenças de interação entre o pai e a mãe com a criança (distanciamento ou exclusão de um deles na vida da criança). Segundo o mesmo autor, a harmonia familiar é um fator de proteção e segurança indispensável para a promoção de um desenvolvimento saudável. Ballone (2002) refere também o apoio mútuo à criança do pai e da mãe (coesão familiar), independentemente de estes estarem separados como uma variável fundamental para o adequado crescimento de uma criança.

Sandra Helena

Psicoterapeuta infanto-juvenil

Psinove – Inovamos a Psicologia

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