É sabido que inúmeros estudos provaram que deitar o bebé de barriga para baixo faz com que este adormeça mais profundamente e isso pode aumentar o risco de morte súbita (sobretudo até aos seis meses de idade). Agora, porém, os pediatras estão a pedir aos pais que mantenham as crianças de barriga para baixo – mas quando acordadas. A ausência de posições em que se apoiam na barriga, nos braços e no pescoço está a desencadear outros problemas a que os especialistas não são alheios. Por exemplo, um aumento na plagiocefalia posicional (quando a criança apoia sempre a cabeça para o mesmo lado).
Em 2017, Amy Leung, fisioterapeuta pediátrica da Universidade de Queensland, Austrália, estudou o impacto do posicionamento no desenvolvimento da plagiocefalia em bebês e percebeu que aqueles que tinham entre 3 a 9 semanas e passavam muito mais tempo com a cabeça virada para um dos lados tinham mais probabilidade de sofrer desse problema.
Como os pais sabem que os bebés estão mais seguros a dormir de costas, acabam por deixar que a mesma posição se sobreponha quando acordados. E isso não é saudável. “Os pais têm de reduzir o tempo que os filhos passam de costas quando estão acordados”, aconselha Amy Leung no New York Times, explicando: “Mantê-los de lado é bom para o controle da cabeça e pô-los de barriga para baixo ajuda ao desenvolvimento motor.”
Anne Zachry, presidente do departamento de terapia ocupacional do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos, estuda há muito a posição das crianças e o seu efeito na vida futura. A especialista diz que encontrou uma relação entre os miúdos com pior caligrafia e falta de força nos músculos do tronco. A mesma especialista disse ao New York Times que os pais devem privilegiar esta posição “logo que cheguem do hospital”, sugerindo: “Uma boa forma de o fazer é deitar-se de costas na cama e pôr o bebê sobre o seu peito”.
“Sobre a barriga, eles utilizam os músculos do pescoço, do tronco, dos ombros e das mãos; esforçam-se para olhar em volta e trabalham músculos fundamentais para as habilidades motoras finas”.
Zachry diz que um outro fenómeno que tornou a posição da barriga pouco usual foi a massificação das cadeirinhas de carro e de transporte para bebés. No seu livro Retro Baby, de 2013, a especialista já falava nisso. “Quando os meus filhos mais novos nasceram, as cadeirinhas e os assentos do carro tinham evoluído muito. Com eles, podemos deixar o bebé deitado horas a fio como se fosse uma batata”, ironizou.
Zachry aconselha os pais a limitarem o tempo que os filhos passam nesses equipamentos: não mais de 15 a 20 minutos de cada vez.
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