Ao contrário do que se acreditou durante muito tempo, o bebé recém-nascido está longe de ser passivo. As suas necessidades e capacidades vão muito para além da alimentação e do sono uma vez que, desde que nasce, começa a explorar tudo o que o rodeia.
Durante a gestação, a grávida e o seu filho estabelecem uma estreita relação: a mãe sente os movimentos do bebé e este ouve a sua voz, o batimento do coração e acompanha os ritmos do seu dia.
Depois do parto, este laço reforça-se com o primeiro olhar e continua a crescer, através do toque, do sorriso, da fala, da amamentação e de todos os cuidados. Cada vez mais o pai é também um protagonista do chamado processo de vinculação.
Durante nove meses, testemunhou o processo de gravidez mas agora é possível pegar no seu bebé, embalá-lo, falar com ele… Em suma, começar a conhecê-lo e deixar-se conhecer.
Por sua vez, o bebé adapta-se à vida fora da barriga e aos novos desafios. Os seus cinco sentidos, que já se encontravam ativos mesmo antes de nascer, são estimulados pelos sons límpidos, pela luz, pelas sensações tácteis, pelo sabor e odor do leite e tudo o que acontece à sua volta. É espantosa a capacidade com que, apenas com alguns dias, o recém-nascido reconhece a voz da mãe e se acalma ao seu colo.
Ainda na maternidade
Na maior parte dos casos, e se tudo está bem com a mãe e o bebé, a alta da maternidade acontece durante a primeira semana. Antes disso, o recém-nascido é profundamente avaliado pelos profissionais de saúde, que também estão habilitados a auxiliar a mulher a iniciar a amamentação.
De acordo com as indicações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o bebé deve ser colocado ao peito na primeira hora após o nascimento e alguns dos mais recentes estudos apontam mesmo para os primeiros 30 minutos.
Este aleitamento precoce apresenta algumas vantagens importantes: a criança é alimentada pelo colostro – o líquido amarelado que antecede o leite materno e que é riquíssimo em nutrientes e anticorpos – e a mãe inicia imediatamente a recuperação pós-parto, com a contração do útero. Muitas mulheres sentem mesmo esse processo, tradicionalmente conhecido como “dores tortas”.
A esmagadora maioria dos bebés perde peso na primeira semana de vida, o que não significa que algo de errado se esteja a passar. A passagem da alimentação por via da placenta e do cordão umbilical para a alimentação externa (seja pela amamentação ou biberão) requer um esforço acrescido e um período de adaptação, o que se pode refletir nos gramas registados pela balança.
Se o recém-nascido mama eficazmente e se os intestinos e o sistema urinário funcionam regularmente, rapidamente não só recuperará o peso perdido como ultrapassará o peso com que nasceu.
Já em casa
Levar o bebé para casa é uma alegria, mas também pode ser motivo para alguma preocupação. Afinal, enquanto mãe e filho estiveram na maternidade, havia toda uma equipa a quem pedir ajuda e conselhos. Agora, a nova família voa a solo. Mas com alguma organização e muita calma, é possível ultrapassar a ansiedade. Em primeiro lugar, é importante que pais e filho – e irmão, ou irmãos, se os houver – tenham tempo para organizarem o novo quotidiano. E isso pode significar prescindir de visitas em grande número, pelo menos nos primeiros dias.
Pode não ser uma missão fácil, afinal familiares e amigos estão desejosos de conhecer o novo bebé, mas haverá muito tempo para isso. Entretanto, os pais têm oportunidade para descansar sempre que for possível e receber a ajuda de que realmente necessita, por exemplo, dos avós. Por sua vez, e embora muitas vezes tal não seja evidente para um pai e uma mãe com défice de sono, o bebé começa a encontrar os seus ritmos de sono e alimentação. A primeira semana passa a correr, mas é a base para as etapas que se seguem.
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