A minha filha, por ser a mais velha, usufruiu de muito tempo de exclusividade. Era filha, neta e sobrinha única: teve muito mimo, muito tempo só para ela, muita atenção dada à pequena princesa.

 

Entretanto nasceu o irmão e o caso mudou de figura. Acabou-se a exclusividade dela e ele... bom, ele quase não sabe o que é isso de ser o único. Como ela já é mais crescida já vamos conseguindo fazer coisas só com ela: levamo-la à biblioteca, ao cinema, a passear e ela já consegue aproveitar tudo isso sem problemas.

 

Ele, com dois anos feitos agora, ainda envolve muitas restrições: não sabe que há sítios onde tem que estar calado, não consegue aguentar muito tempo sem se aborrecer e ainda dorme sestas, que é coisa que condiciona muito os programas.

 

Num destes fins de semana ela foi convidada a ir para a terra com os avós e com a tia. Como adora ir para lá e já é “fácil” de tratar (já não dá muito trabalho, não implica fraldas nem sestas), foi. E o irmão teve direito a ser filho único durante 48 horas. Foi bom senti-lo feliz com a atenção dispensada.

 

Foi bom brincar com ele de forma adaptada exclusivamente à idade dele (eles têm 3 anos de diferença, pelo que as brincadeiras têm que ser suficientemente elásticas para os incluírem a ambos). Foi bom respeitar o ritmo dele, sem pressões nem stresses.

 

Com dois filhos tendemos a perder a paciência mais depressa porque há dois pirralhos a puxar por nós. E Deus sabe que eles puxam muitas vezes em direcções opostas! Para eles é bom sentir que têm a atenção só para eles durante aquele tempinho.

 

É por isso que vamos tentar encontrar formas de lhe dar também a ele o “privilégio” de ser filho único de vez em quando.

 

Lénia Rufino