Quando o bebé nasce há uma vontade incontornável de descobrir com quem tem mais semelhanças. "Esse olhinhos são da mãe", ou " os lábios vêm do pai", "é a carinha do tio quando era pequeno!", " não há dúvida, fotocópia do irmão!" .
Os mais entusiastas até vão buscar parecenças com a prima da tia do bisavô que pelos vistos também tinha assim umas bochecinhas proeminentes, e um nariz arrebitado. Os mais conhecedores da genealogia da família até garantem convictamente que a saliência da testa sugere que algures na viagem do seu ADN, o bebé fez um desvio e virou ali na esquina do primo afastado do irmão do tio do pai, que por sinal, também era careca.
Sim, não haja dúvida, aquele bebé pertence inequivocamente àquela família paterna, e até levanta dúvidas se terá alguns laços com os outros, os do lado da mãe.
Tal se passou quando o João nasceu, e repetiu-se três anos depois com o Tomás.
"É a cara chapada do pai! Igual igual!!!" .
"Fotocópia" exclamavam em voz alta, como se verdades absolutas fossem proferidas!
Sim, eram os dois iguais ao pai. Não haja aqui sombra de dúvidas que a pele cor de leite, quase transparente do bebé tem fortes parecenças com a cor morena quase árabe do pai. Na verdade, os seus cabelinhos da cor do milho foram buscar inspiração à paleta em tons de chocolate negro que o pai herdou da família, e os olhos mais claros do mais novo são uma óbvia homenagem às duas bolotas bem castanhas de olhar profundo que o pai tem.
Sim, claro, só poderiam ser iguais ao pai!
Marta Andrade Maia
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