Na altura preocupei-me com o facto de ela ainda não andar.

Agarrada às coisas fazia quilómetros (salvo seja), sozinha… ia de gatas. Desde que começou a pôr-se de pé que a posição preferida dela é em bicos de pés. Por causa disso, não lhe comprava sapatos de sola rija, para não lhe forçar os pés a estarem bem assentes no chão.

Soube mais tarde que talvez isso tenha influenciado o andar dela. Não importa. Começou a andar quando sentiu confiança para isso, quando se sentiu preparada. Foi no timing dela.

O meu filho, que tem 13 meses, ainda não anda. Faz quilómetros agarrado às coisas, gatinha em alta velocidade, mas andar sozinho… nem pensar. Vê-se que tem medo, que não tem confiança para se atirar sem rede. Não me preocupo. Há-de andar no timing dele, seja já este mês, seja aos 18 meses., seja aos 2 anos.

Isto tudo para dizer que cada miúdo é diferente. O que vem nos livros nem sempre se aplica. Os miúdos não são fórmulas matemáticas que resultam sempre no mesmo. E não há que lamentar nada. E não há que forçar etapas ou que tentar obrigá-los a conseguir fazer determinada coisa só porque dizem os livros que está na altura. O truque é saber acompanhá-los, estimulá-los sem os forçar, compreender o tempo deles e deixá-los descobrir o mundo ao ritmo de cada um. No final, hão-de todos ser capazes do mesmo.

 

Lénia Rufino

Veja mais crónicas AQUI