Observei o João desde muito cedo, mesmo antes de ter um ano de idade, a pegar no iPhone e cuidadosamente a deslizar o seu dedinho para o tentar desbloquear. Acompanhei as várias tentativas dele para conseguir mudar de canal de televisão, a facilidade em adaptar-se ao rato do computador e a ainda mais facilmente a descobrir o botão de ligar e desligar de qualquer aparelho electrónico. Achava muito engraçado como já conseguia distinguir qual o comando para cada aparelho, e a sua pontaria ao aponta-lo para o sítio certo.

Quando chegou o iPad cá a casa, observamos o João de forma natural e fluida a manusea-lo, e sem a mais pequena dificuldade em fazer pastas, encontrar os seus jogos, mudar para outro jogo, tirar fotografias, por música, apagar jogos, e a descobrir o infindável youtube com os seus maravilhosos vídeos de desenhos animados nas mais diversas línguas estrangeiras.

Elogiamos a sua capacidade de ainda ser pequeno e já pegar no iPhone ligar para o Pai, para a Avó ou apenas a carregar nos números que aleatoriamente íamos dizendo. Elogiei e incentivei bastante esta sua aprendizagem no mundo tecnológico, e ensinei-o a procurar o número do Pai através do J de Pai (o Pai chama-se Joao), o R do (tio) Rui ou o P do (tio) Pedro. Ele rapidamente consegui identificar estas letras e conseguia ligar para as respectivas pessoas e eu batia palminhas de bravo!!

Depois começou a aperceber-se que em casa de uma Avó tinha umas coisas e na casa da outra Avó tinha outras coisas que também gostava muito. E observávamos enquanto ele geria a sua agenda social com uma Avó e combinava programas com outra Avó mediante os seus gostos para aquele dia específico. Observávamos e até comentávamos como era esperto e como sabia o que queria, e que engraçado era, enfim, babados com a agilidade e destreza da criança.

Até sexta-feira passada. Já em casa depois da escola e a meio da tarde, deveria estar com fome pois perguntou o que era o jantar. Na verdade até achava que tinha um óptimo jantar preparado, e de forma bastante entusiasmada disse-lhe:

- vai ser sopinha que tu gostas, depois robalo com alecrim e tomate, que é peixinho como tu gostas,  arrozinho de tomate e batatinha no forno.

Calado, ficou a olhar para mim, com os seus olhos muito grandes a focarem-me, como se fossem duas grandes bolotas a analisar cada palavra que tinha ouvido.

Continuou calado e pensei que tal como eu, estava contente com o que ia jantar. Levantei-me e fui ao quarto, deixando-o na sala com os brinquedos.

Não demorei mais de 3 minutos e quando regressei a sala, vi o menino a falar ao telemóvel, ao meu telemóvel. Por breves instantes ainda pensei que tivesse atendido uma chamada, mas pela conversa que ouvia ( o João põe em alta voz) rapidamente me apercebi que a chamada tinha sido feita por ele, para a Avó (agora com o o IOS 7 é ainda mais fácil fazer fazer uma a chamada, ao lado do nome da pessoa tem a sua fotografia).

E do outro lado ouvia-se

- está bem Joaozinho, vens cá jantar, e até fazemos o puzzle novo!!

- e o que é que vai ser o jantar? Perguntava, o curioso.

- pode ser croquetes que tu gostas, ou batatas recheadas.

-hmmmm...., hoje  gosto mais de croquetes.... Mas com arroz de tomate.

Marta Andrade Maia

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