O Tomás é um amor de bebé. Com toda a imparcialidade que me é permitida, é sem dúvida um bebé lindo, com uns caracóis de fazer inveja às Goldilocks das redondezas, um sorriso de desarmar qualquer soldado com treino militar especializado, uma vozinha meiga a que se torna impossível não ceder, e uns olhos mais doces do que o mel do Winnie the Pooh. Sim, com toda a certeza, e sem sombras de dúvidas, é um anjinho dos mais queridos anjinhos que andam por aí.
No entanto, e como todos os anjinhos modernos, tem um lado de diabrete que engana os olhares mais desatentos. E como bom diabrete que é, consegue ter um feitio de teimoso que faz jus ao feitio da sua mãe. Depois de ter passado a fase de embirrar com o leite, com a papa, com a carne , com o arroz branco simples, e com as ervilhas, eis que veio a fase do feijão-verde.
Um creme delicioso com feijão-verde veio parar ao seu prato. Começou a comer tudo, sorridente.
Eis que surge na sua pequena colher azul meio feijão-verde. Deitou para fora. A mãe, com muita paciência, tornou a encher a colher azul com mais um feijão-verde, e um bocado de cenoura. Gostou de tudo. Sorriu para a cenoura, cuspiu o feijão-verde.
A mãe, já com menos paciência do que há bocado, voltou a encher a colher azul com sopa, desta vez com mais cenoura e um feijãozito escondido lá no meio.
Feijão-verde a voar cá para fora, já o resto foi muito apreciado.
A mãe, já com muito menos paciência e algo irritada com o estado do chão, da cadeirinha da papa e da teimosia do bebé, volta a introduzir o feijãozito.
Feijãozito voa cá para fora e aterra no chão.
Nisto, surge um avião na janela, grande e barulhento, o Tomás aponta e ri-se entusiasmado. Mamã aproveita a boca bem aberta e enche a colher azul com os feijões-verdes restantes da sopa. Bebé aponta para o avião, tenta acenar com as mãos, ri-se, fecha a boca, mastiga e engole. Agora é só esperar pelo próximo avião...
Marta Andrade Maia
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