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Zoe Saldaña, que esta noite venceu o Óscar de Melhor Atriz Secundária pelo papel de Rita no controverso filme 'Emilia Pérez', disse nos bastidores dos prémios que a polémica doeu mas não se arrepende de nada.
"Este filme não é baseado na vida real. Se tivesse que fazê-lo outra vez, fazia-o outras mil vezes. É um filme muito importante, muito bonito, que se fez com muito amor", afirmou a atriz, na sala de entrevistas por onde passam os vencedores dos Óscares.
"Claro que a polémica doeu. Fazemos algo com o coração aberto e quando não é bem recebido ficamos confusos", disse a atriz, referindo-se às muitas críticas que o filme recebeu. "Eu decido seguir o meu coração sempre, porque sei que sou uma pessoa limpa".
'Emilia Pérez' causou controvérsia por ser um filme cuja ação se passa no México mas com poucos mexicanos no elenco ou na equipa, sendo o realizador Jacques Audiard francês. A forma como o tema da violência dos cartéis e contra as mulheres foi abordada também gerou críticas. E afirmações antigas da protagonista Karla Sofia Gascón, de caráter racista e xenófobo, ao ressurgir, quase fizeram a campanha para os Óscares implodir.
Questionada sobre esses factos por uma jornalista mexicana, Zoe Saldaña foi em simultâneo suave e firme. 'Tenho muita pena que você e muitos outros mexicanos se tenham sentido ofendidos. Nunca foi a nossa intenção', começou.
"Não partilho da sua opinião. Para mim, o coração deste filme não é o México", contrapôs. "Não estávamos a fazer um filme sobre um país, estávamos a fazer um filme sobre mulheres", realçou, dizendo que tanto podiam ser russas ou dominicanas, negras ou de Gaza.
"Estas mulheres são universais, sofrem todos os dias para sobreviver à opressão sistémica, tentando encontrar as suas vozes mais autênticas", continuou. "Mantenho-me firme nisso".
Zoe Saldaña deixou outra coisa clara: "Não tenho nenhum arrependimento".
A atriz mostrou-se ainda muito grata e emocionada pela distinção da Academia, refletindo na jornada da sua carreira que a trouxe até este momento e como teve de parar de se sabotar a si própria.
"Podia falar do que não tenho e preciso de adquirir. Mas também posso dizer que se lixe e divertir-me a fazer isto".
No discurso de aceitação do prémio, Zoe Saldaña, ovacionada pelos seus pares, lembrou a ancestralidade dominicana, e a sua avó que chegou aos Estados Unidos, em 1961.
"Sou uma filha orgulhosa de pais imigrantes", disse Saldaña, salientando que é a primeira atriz de origem dominicana a vencer um Óscar, e que não será a última.
O Óscar para Zoe Saldaña foi um de dois conquistados pelo filme da Netflix, que chegou à 97.ª edição dos Prémios da Academia como o mais nomeado do ano - tinha 13 nomeações, um recorde para um filme que não é falado em inglês. A outra estatueta foi para Melhor Canção Original, 'El Mal', interpretada por Zoe Saldaña e escrita por Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard.
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