Ao longo dos últimos meses, inúmeras artistas de Hollywood têm dado o seu testemunho relativamente às experiências de assédio por que passaram ao longo da sua vida. Viola Davis foi uma das últimas, numa série de confissões em entrevista à PorterEdit.

A atriz da série ‘How to Get Away With Murder’ confessou que as situações do género começaram logo desde a sua infância. “Não tenho apenas a minha própria história, tenho as minhas histórias”, sublinhando assim que as situações do género se repetiram.

“Tenho de dizer, tive homens que me tocaram de maneira inapropriada ao longo da minha infância. Tive homens que me perseguiram em qualquer dia, e quando digo dia, digo à tarde, e que se expunham para mim”, afirmou a atriz de 52 anos.

“Lembro-me de um dia, quando tinha 27 anos, estava à espera do autocarro em Rhode Island para ir buscar o meu sobrinho ao infantário. Foram provavelmente 25 minutos, e não estou a mentir porque eu contei. 26 carros passaram por mim com homens a chamarem-me, a assediarem-me, a chatearem-me e a ofenderem-se verbalmente. Alguns desses homens levavam crianças consigo”, sublinhou.

“Isso faz com que sintas um farrapo, começas a pensar como é que a tua infância teria sido se tudo isto tivesse removido? E é difícil separar esse estado daquilo que és. Fica marcado em ti. Essas experiências pessoas fizeram com que sentisse compaixão das mulheres que falaram [denunciaram abusos]”, afirma.

Durante a entrevista, Davis reconheceu a grande desigualdade que sempre existiu na indústria do cinema, não só relativamente às mulheres, mas especificamente quanto às mulheres negras. “Há várias mulheres negras que se revelaram. Não acho que as pessoas pensem que merecemos a mesma empatia. Ou investimento. Não sou muito valorizadas. Se as histórias [de assédio] fossem reveladas em Hollywood, e não fosse o Weinstein, acho que não teria a mesma atenção”, defende.