Aos 17 anos participou num casting de rua e foi escolhida para integrar o elenco da série «Morangos com Açúcar». Cinco anos e três telenovelas depois («Fascínios», «Flor do Mar» e «Mar de Paixão» na TVI), protagonizou a curta-metragem «Catarina e os Outros», premiada nos Los Angeles Movie Awards, teve um papel de destaque no filme Linhas de Wellington e, em 2012, estreou-se na SIC, na novela «Dancin’ Days».

Venceu o Globo de Ouro Revelação do Ano 2013 e é atualmente protagonista em «Sol de Inverno», uma das apostas de 2013 da SIC que se estende por 2014. Com 24 anos, Victoria Guerra é já uma atriz de sucesso, mas diz que a sua carreira ainda está só a começar. Em entrevista à Prevenir, a atriz desvenda os consecutivos sucessos na sua (ainda) curta carreira, bem como os sonhos e os planos para o futuro.

Em apenas sete anos de carreira entrou na série juvenil mais popular da televisão portuguesa, fez um filme ao lado de nomes como John Malkovich, ganhou um Globo de Ouro e é, neste momento, protagonista em horário nobre. O que deseja fazer a seguir?

Tudo e mais alguma coisa. Pode parecer estranho no sentido em que já fiz muita coisa, algumas até não imaginava alcançar, pelo menos não tão cedo, mas ainda tenho muito mais para fazer. Há uma série de personagens que gostava de experimentar e tenho ainda muitas histórias para contar.

O Globo de Ouro Revelação do Ano em 2013 trouxe-lhe outro reconhecimento por parte do público e dos seus colegas? O que mudou?

Penso que não mudou nada. Simplesmente, visto ter sido um prémio atribuído através da votação do público, fez-me bem ao ego. É bom saber que as pessoas gostam do meu trabalho.

Passou a ser mais reconhecida na rua?

Sim, não por causa do Globo de Ouro, mas pela minha atual personagem na novela «Sol de Inverno». As pessoas identificam-se muito com as histórias de amor e como estou a protagonizar uma dessas histórias, o público é carinhoso. As pessoas são muito queridas e dizem-me muitas vezes «a Victoria vai longe». É o melhor elogio que me podem dar.

As redes sociais trouxeram uma nova forma de comunicar com os fãs. A Victoria utiliza-as?

Utilizo mas não para comunicar com o público. Gosto de ser muito coerente em tudo o que faço e sei que se tiver uma rede social para partilhar o meu trabalho é normal que o público queira saber um pouco mais sobre mim e sobre o que faço quando não estou a gravar e, nesse aspeto, sou muito reservada. Gosto até que haja uma certa curiosidade e dúvida em relação a mim.

Porquê?

A Meryl Streep disse uma vez que gostava de manter a privacidade porque a partir do momento em que o público soubesse muito sobre a sua vida pessoal iria acreditar cada vez menos nas suas personagens. Não digo que às vezes não tenha vontade de partilhar certas coisas com o público e sei que as pessoas gostam disso, mas para já vou permanecer assim. Tenho uma fã que me contacta para saber em primeira mão os meus próximos projetos profissionais e que divulga essa informação numa página que criou sobre mim.

No seu trabalho já fez de grávida, de toxicodependente, de seropositiva... Como se prepara para os papéis?

Como uma novela é uma história aberta, a preparação inicial centra-se na personagem, na sua maneira de ser. Depois, à medida que a história vai sendo escrita, muitas vezes acontecem coisas que nem o ator imaginava. É preciso ter abertura para aceitar essas mudanças e, como gosto de construir as personagens dentro de uma verdade, aquilo que faço é encontrar uma forma de acreditar e justificar o facto de a minha personagem ter mudado.

Há uma aprendizagem a cada papel que interpreta?

Há um efeito de reciprocidade. Eu ponho algo que é meu nas personagens e elas acabam também por me ensinar algo. Vou crescendo com elas, com a sua maneira de ser e atitudes.

O trabalho com atores mais experientes é também enriquecedor?

Sim e esta novela tem sido especial para mim. É um sonho trabalhar com atores tão talentosos como a Rita Blanco, o João Perry, o Filipe Vargas... Estou a aprender muito com eles. Representou em inglês no filme «Linhas de Wellington».

A língua proporciona diferenças na forma como representa?

A musicalidade do inglês é muito mais fácil. Enquanto no português é tudo muito correto e, às vezes, não se percebe bem aquilo que dizemos, no inglês é tudo muito mais fluido e simples. Ainda que a minha experiência na representação em inglês seja pequena comparada com a que tenho na língua portuguesa, senti que me permitiu ter mais à vontade para experimentar coisas com a minha voz e o meu corpo.

Como surgiu a oportunidade para fazer o filme?

A produção precisava de uma atriz para fazer o papel de uma jovem inglesa. Como era uma personagem complexa, procuravam alguém que já tivesse experiência, mas com uma aparência mais jovem. Fiz um casting e acabei por ficar com o papel. Foi das melhores experiências que já tive.

Entretanto, participou também em «As Variações de Giacomo», um filme também com John Malkovich e produção de Paulo Branco, que ainda está em fase de pós-produção...

Quando estávamos a promover «Linhas de Wellington», o Paulo falou-me acerca deste filme que ele estava a pensar fazer e de uma personagem que eu poderia interpretar. Meses depois, [o realizador] Michael Sturminger veio a Portugal e contactaram-me para o conhecer. Falámos um pouco, ele
disse-me que já conhecia o meu trabalho e deu-me o papel.

Fale-nos um pouco da sua personagem...

O filme é baseado na história de Giacomo Casanova, papel que é desempenhado por John Malkovich. A minha personagem, a Sophie, é completamente fascinada pelo Giacomo e acompanha sempre a tia [a atriz Maria João Luís] quando esta o visita. A história vai sendo contada em dois ambientes, no teatro e na vida real. Uma cantora de ópera faz aminha personagem nas cenas que ocorrem no palco.

Em «Sol de Inverno» interpreta o papel de Matilde, uma jovem que vive um drama amoroso ao estilo de Romeu e Julieta. Revê-se na personagem?

Não sou uma pessoa muito romântica, mas foi muito giro construir esta personagem. Ela faz tudo por amor e só precisa de estar com o Salvador para ser feliz. Na vida real também há pessoas cuja vida gira em torno da família. Já eu, saí cedo de casa dos meus pais e dediquei-me à profissão. Entretanto, conheci o Luís [namorado] que eu amo profundamente e, apesar de eu não ser a pessoa mais romântica do mundo, acredito que esta personagem me esteja a modificar um pouco.

O que faria por amor?

Todos os dias fazemos pequenas coisas por amor. Não é preciso dar a volta ao mundo para provar que se ama. Veio para Lisboa aos 15 anos porque, segundo disse numa entrevista, é «onde tudo acontece».

A cidade correspondeu às suas expetativas?

Superou-as! Sempre fui muito independente e focada em objetivos e os meus planos não passavam por ficar no Algarve. Quando disse aos meus pais que queria vir para Lisboa eles sabiam que eu não iria voltar, mas apoiaram-me sempre.

Imagina-se a viver noutra cidade?

Consigo imaginar-me a viver em Nova Iorque. Adoro a cidade e o clima ameno, muito parecido com o nosso, mas o nível de vida é completamente absurdo. Também adoro Londres, mas não sei se me ia dar bem com o tempo cinzento e chuvoso. Podemos ter todas as chatices do mundo em Portugal mas temos um país incrível.

O que a faz rumar a sul, à sua terra, em Loulé?

A minha família. Sempre.

Sendo filha de pai português e de mãe inglesa, no Natal segue a tradição de que país?

Misturamos as tradições. Tanto comemos o típico bacalhau como os doces ingleses. Os presentes são sempre abertos na manhã de Natal.

Quais foram as suas resoluções para o ano novo? O que deseja fazer em 2014?

Gostava de fazer teatro. Também quero conhecer a América do Sul e espero fazer essa viagem já no próximo ano.

Os segredos de Victoria Guerra

Os hábitos, as preferências e os desejos da atriz:

- Gestos de beleza

«De manhã, uso um creme hidratante no rosto e um óleo hidratante no corpo. No final do dia, desmaquilho-me e aplico um creme de noite. Não dispenso o uso de protetor solar e quando não estou a gravar evito usar maquilhagem», revela a atriz.

- Loira ou morena?

«Gosto muito de me ver morena, mas hei de voltar a ser loira», promete Victoria Guerra.

- À mesa

«Evito carne de porco e refrigerantes e se cometo excessos no dia seguinte tenho mais cuidado», desabafa a atriz.

- O que faz para se manter em forma

«Pratico crossfit com um personal trainer, pelo menos, uma vez por semana. Gosto de treinos curtos, mas eficazes, de preferência ao ar livre», assume.

- Um filme em que gostaria de ter participado

«Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci, no papel de Eva Green», responde a atriz.

- Um ator com quem deseja contracenar

«Tantos. Estou a adorar trabalhar com a Rita Blanco», refere. A sua maior vitória «Tudo o que consegui até agora na minha carreira. Têm sido vitórias atrás de vitórias», regozija-se a atriz.

Texto: Vanda Oliveira com Carlos Ramos (fotografia)