Como se sentiu quando soube que tinha ganho o Prémio de Melhor Actriz de Teatro Musical?
Senti um misto de emoções muito difíceis de pôr em palavras: emoção, honra e uma alegria muito grande por, no meu primeiro papel principal no mundo do teatro em Inglaterra, ter tido este reconhecimento por parte dos críticos e do público.
Foi uma noite de glória para a Sofia e para Portugal. Recebeu muito apoio dos portugueses?
Muito, e aproveito esta oportunidade para agradecer a todos os que me enviaram mensagens de carinho e apoio, esse apoio dá-me muita força para continuar a trabalhar e a evoluir.
Esteve ainda nomeada para os prémios Laurence Olivier. Apesar de não ter ganho, foi um reconhecimento do seu trabalho. Ficou feliz com a nomeação?
Feliz seria dizer muito pouco... Ser nomeada para um Olivier no início da minha carreira é algo que estava muito além das minhas expectativas. Muitos actores com carreiras bem estabelecidas passam uma vida inteira sem ter esse reconhecimento. Sinto-me muito privilegiada, foi uma noite mágica, senti-me um pouco como uma ‘Cinderela' dos tempos modernos.
De repente, todos os portugueses ouvem falar no nome Sofia Escobar. Sente que acabou de nascer para o público português?
Muitas pessoas do meio da música e do teatro já me conheciam, é um mundo pequeno e é fácil tomar conhecimento das pessoas que trabalham nele. Mas em relação ao público em geral, sim, muitas pessoas ouvem falar de mim agora pela primeira vez e cada vez tenho mais vontade de poder voltar aos palcos de Portugal.
Por outro lado, já era uma estrela em Londres há algum tempo. Estreou-se como actriz suplente para a personagem principal de "O Fantasma da Ópera". Como surgiu esta oportunidade?
Foi sorte, ou talvez não, não acredito em coincidências. Vi um anuncio no jornal ‘The stage', o primeiro que comprei, e decidi arriscar, mas apenas pela experiência, porque era um papel de sonho e uma oportunidade de conhecer e ser vista pelos directores do ‘Fantasma da ópera'. Nuca pensei conseguir o papel, mas depois de meses de audições, o sonho tornou-se realidade.
Está satisfeita com o rumo da sua carreira?
Absolutamente, não podia estar mais satisfeita. Sempre sonhei muito alto e continuo a fazê-lo, mas também lutei muito pelos meus objectivos e devo muito do meu sucesso à minha família e amigos. Se não fosse por eles, nada disto teria acontecido.
Qual a personagem que sonha interpretar?
Várias. Em teatro, Julieta e Inês de Castro. Em musical, Mary Poppins, Cosette (‘Les Miserables') e Glinda (‘Wicked'), entre muitos outros.
Fazer Cinema e Televisão está no seu horizonte?
Eu tenho uma grande paixão pela arte de representar e adorava um dia ter a oportunidade de trabalhar em cinema ou televisão, mas também tenho consciência de que são técnicas muito diferentes das técnicas de palco e sei que tenho muito que aprender. Mas adoro desafios!
Já viu a versão portuguesa do "West Side Story", encenada por Filipe La Féria. O que achou?
É uma versão muito diferente daquela em que estou envolvida, porque é muito mais baseada no filme. A produção inglesa é uma réplica da versão original para palco. Os cenários da produção portuguesa são muito ricos e foi uma grande emoção ver a minha amiga Cátia Tavares no papel de Maria. Já a conheço há muitos anos.
Recentemente tem surgido uma vaga de peças de teatro musical em Portugal. Considera que estamos no bom caminho?
Sem dúvida! O panorama cultural em Portugal tem vindo a crescer, o que me deixa muito feliz. Conheço pessoas de grande talento no nosso País que começam a ver as oportunidades de trabalho a serem alargadas, mas, como é óbvio, ainda temos muito trabalho pela frente. Uma das coisas que me parece essencial que surja em Portugal é um sindicato que proteja os actores a nível de horas de trabalho, cumprimento de contratos, etc. É muito importante que os actores se sintam protegidos e respeitados no ambiente de trabalho, e por cá (Londres) é esse o trabalho da ‘Equity', que nos dá uma segurança enorme. Precisamos de algo parecido em Portugal.
Pensa regressar definitivamente a Portugal, ou é uma hipótese que descarta?
Sinceramente, não sei. As raízes chamam-nos sempre quando se vive longe, e espero ter oportunidade de trabalhar em Portugal, em português. Mas eu vivo um passo de cada vez, ainda não sei o que irá acontecer no final deste contrato com o ‘West Side Story'. Devo começar a fazer audições para novos projectos por volta de Maio, Junho, logo se verá o que o futuro reserva.
A sua personagem na peça, ‘Maria', é uma romântica. A Sofia também é?
Muito! Adoro histórias de amor clássicas, vibro com Shakespeare, com Florbela Espanca, Pablo Neruda, com Puccini. No fundo, ainda estou à espera do meu príncipe encantado.
Recentemente terminou a sua relação de três anos com Gavin Stenhouse. Foi uma decisão pacífica?
Sim, felizmente. Continuamos amigos, o facto de estarmos tanto tempo separados acabou por nos afastar verdadeiramente. É muito difícil manter uma relação nestas circunstâncias e ambos achámos que era a melhor decisão. Apesar de tudo isso, continuo a falar com ele regularmente e acho que seremos sempre bons amigos.
Sofia Escobar
Este artigo tem mais de 15 anos
Entrevista com Sofia Escobar Sofia Escobar nasceu em 1981, em Guimarães. Há apenas três anos, a jovem decidiu arriscar tudo e pediu um empréstimo para poder estudar canto e representação na Guildhall School of Music and Drama, uma das mais conceituadas escolas de artes londrinas. Um anúncio de jornal levou-a a conseguir o papel de actriz suplente para a personagem principal de ‘O Fantasma da Ópera'. Daí até chegar a protagonista de ‘West Side Story' foi um pulo. Sofia Escobar conquistou a crítica e o público ingleses e dá-se agora a conhecer ao grande público português. Uma conversa a não perder!
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