A blogger síria Tal al-Mallouhi, detida em 2009 aos 19 anos e depois condenada por espionagem, foi libertada, adiantou na terça-feira a mãe à agência AFP, destacando a sua "imensa alegria" por se encontrar com ela.
Tal al-Mallouhi, agora com 33 anos, é um dos milhares de detidos libertados nos últimos dias após a ofensiva-relâmpago dos rebeldes islâmicos que tomaram cidades importantes na Síria em onze dias e afastaram o Presidente Bashar al-Assad do poder no domingo.
Depois de 15 anos nas prisões do governo sírio, esta mulher ainda precisa de tempo "para perceber que está livre, que tudo está bem agora e que o medo e o terror desapareceram", contou a sua mãe, Ahd al-Mallouhi, à agência France-Presse (AFP).
No momento da sua condenação, a comunidade internacional mobilizou-se, com a França a recordar à Síria os seus compromissos internacionais em matéria de liberdade de expressão e o direito a um julgamento justo.
Antes de ser detida, em dezembro de 2009, pouco mais de um ano antes do início da guerra na Síria, a jovem escrevia poesia e comentava a situação social.
Acusada de trabalhar para os serviços de informação norte-americanos (CIA), o que a sua família sempre negou, foi condenada a 5 anos de prisão, mas as autoridades nunca a libertaram no final da pena.
"Costumava vê-la em visitas de uma hora e meia, e cada palavra era monitorizada", contou a mãe.
A família precisará de tempo "para voltar a falar" e reconstruir-se, acrescentou.
O regime de Bashar al-Assad, que sucedeu ao seu pai Hafez em 2000, reprimiu metodicamente qualquer voz discordante.
Desde o início da guerra na Síria, em 2011, desencadeada pela repressão brutal das manifestações pró-democracia, mais de 100 mil pessoas morreram nas prisões sírias, nomeadamente sob tortura, estimou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) em 2022.
Os rebeldes declararam a 8 de dezembro Damasco 'livre' do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de uma ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrubar o regime sírio.
Perante a ofensiva rebelde, Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e asilou-se na Rússia.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baas foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
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