Numa conversa emotiva e cheia de recordações, Rui Oliveira abriu o seu coração no programa ‘Conta-me’, este sábado, 31 de julho. Uma entrevista que o levou a recuar na infância, lembrando a sua grande família e os tempos em que viveu em Angola.

Aos 11 anos veio, pela primeira vez, a Portugal e, ao longo da sua vida, experimentou várias profissões. A sexualidade foi um dos temas abordados com Maria Cerqueira Gomes, tendo falado na importância da sua família.

“A minha família não era propriamente uma família dentro daquilo que consideramos tradicional, muito fechada, muito pesada, com uma educação muito rígida. O viver em Angola também nos abriu os horizontes", disse.

"O meu pai estudou belas artes, portanto, era um homem com uma abertura de espírito diferente da época, e a minha mãe também. Embora não fosse uma mulher das artes, ela trabalhava também, por exemplo, a vestir pessoas. A minha tia foi casada durante muitos anos com um grande decorador – que era o Clímaco - e o meu tio até encenou as primeiras marchas populares na avenida… Portanto, este espírito de abertura vivia já na família”, lembrou.

Deu-nos a possibilidade de podermos aceitar, nem é uma questão de aceitar, de ser. É normal. É como eu beber café e tu não quereres beber café”, acrescentou, afirmando que a sua sexualidade “nunca foi tema”.

“Claro que há um momento em que digo. A minha mãe só dizia, ‘quem melhor cama fizer, melhor nela se deitará’”, recordou. “Dentro deste espírito familiar aberto, não havia crítica, preconceito, não havia que aceitar. Era. E dentro do amor, cabia todo este abraçar de todas as situações”, destacou.

E foi quando falou sobre a mãe que Rui Oliveira se deixou levar pela emoção, tendo ficado em lágrimas. “A minha mãe ao sair de um país que, na altura, não dava grandes hipóteses, viajou para um outro país onde teve de construir tudo. A vida dela foi dura. Não só porque ela e marido teriam que gerir seis filhos que levavam com eles, pequenos, como também depois criar condições para criar mais quatro que foram aparecendo ao longo da vida”, partilhou.

Foi uma mulher de luta. E acredito que há muitas mulheres em Portugal e por este mundo fora que têm esta luta, e que têm de ser homenageadas a cada momento. Vistas como mulheres lutadoras, guerreiras, que levaram para a frente a vida delas, dando uma educação aos filhos de forma a que eles possam ser o que são hoje”, realçou.

Mas não ficou por aqui e salientou também: “Estes pais que muitas vezes têm estes preconceitos para com os filhos, também sofrem. E o grande problema, às vezes, não é só o grande sofrimento dos filhos, é o sofrimento deles em não quererem aceitá-los. Esse é que é o maior sofrimento. Está uma família toda a sofrer por uma coisa que pode ser normalíssima, porque a vida é de cada um, ele faz a coisa que entender. A lei da vida é esta, e os pais vão desaparecer e a vida dele vai continuar. E não vale a pena desestruturar nem estar aqui a criar obstáculos a uma vivência de alguém que vai continuar a viver. É só orientá-la, é só dizer que está ali para aquilo que for necessário. As pessoas têm que ver isto de uma forma mais ligeira. É uma luta inglória”.

Numa relação com Manuel Luís Goucha há mais de 20 anos, com quem casou, Rui Oliveira também falou sobre a união do casal. “Nós não temos nada preparado, atuamos naturalmente. E somos aceites por todas as pessoas”, frisou.

“Atuamos normalmente porque a nossa sexualidade só nos diz respeito a nós. Sou o Rui e o Manuel Luís é o Manuel Luís. Somos dois homens que se gostam e que vivem juntos, e que não têm que mostrar mais nada se não esta naturalidade como um casal heterossexual faz”, disse.

E também recordou o momento em que conheceu o apresentador da TVI. Na altura vivia em Cascais e foi convidado para um jantar por um amigo em comum com Goucha.

“Vamos jantar e deparo-me com o Manuel Luís. Estamos ali numa brincadeira e esse amigo do Manuel Luís apresentou-me como sendo o conde. Começamos a brincar, saímos ali do jantar e despedimo-nos. Normalmente, eu despeço-me ou cumprimento as pessoas com um abraço. Abracei o Manuel Luís e ele desatou a rir-se, aflito, no meio dos meus braços”, contou. “Mais tarde, tocam-me à campainha e era o Manuel Luís”, revelou.

Nunca mais nos separamos. Depois a vida em conjunto é uma vida como as vidas normais das outras pessoas, dos outros casais. Trabalhar, estruturar, objetivar…”, acrescentou.

Passamos momentos difíceis, como qualquer casal, em que há discussões, em que temos que organizar a vida outra vez. Tudo isso tem de ser muito bem pensado. O Manuel Luís, quando surge um problema, enão sabe lidar com os problemas como eu. Se há um problema não temos que arranjar outro para resolvê-lo, temos que encontrar a solução de uma forma positiva”, partilhou de seguida, falando sobre a relação.

E não deixou de salientar: “O Manuel Luís é um excelente profissional. A minha função dentro do casal é agilizar de forma a que ele se entregue em pleno àquilo que ele melhor faz, a televisão”.

Sobre a paternidade, Rui Oliveira explicou: “Pensamos nisso muito tarde”. “Quando adotas uma criança, tens de a acompanhar, estar disponível… O Manuel Luís também gostava muito, mas ele à noite, o cão começa a ladrar e diz: ‘O Cão tem de se calar’. Imagina ter uma criança a chorar à noite com uma otite ou com uma inflamação e ele não poder dormir. Ele deita-se às 21h. Embora ele gostasse muito, tenho de pensar: ‘Tudo bem, vamos adotar, mas e depois, quando isto acontecer? Qual vai ser a tua reação?’”.

Após a entrevista ter ido para o ar, Manuel Luís Goucha não tardou em reagir nas redes sociais. "Que belo companheiro que a vida me deu! Que orgulho Rui e Maria pela vossa conversa", disse.

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