A Associação SORRIR tem como missão promover e salientar a importância de sorrir para a saúde, não pela ausência de doença, mas enquanto bem-estar físico, mental e emocional.

O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Conheça a história de Ricardo Pereira.

O que é que o faz sorrir?

Ricardo Pereira: Quem me conhece sabe que eu passo a minha vida com um sorriso no rosto, não significa que esteja permanentemente feliz na vida, todos temos momentos bons e maus, mas acima de tudo gosto muito de estar aqui no mundo, conhecer pessoas, divertir-me com pessoas. A própria vida em si faz-me rir constantemente. Acho que sou uma pessoa que pode ser definida por um sorriso.

Não existe nenhuma fotografia em que apareça com uma cara séria, está sempre com um sorriso, isso é algo que o caracteriza. É uma ferramenta para si?

Ricardo Pereira:: São duas coisas distintas aqui presentes. O facto de passar muito do meu dia-a-dia a sorrir vem muito da minha família, dos meus amigos, de como eu fui criado, de como é a minha personalidade. Eu tenho um lado positivo de encarar a vida, faz parte da minha forma de ser e transmito essa alegria, depois, porque gosto de rir, estou sempre bem, sempre a divertir-me, acho que a vida é uma diversão. E por outro lado tenho uma profissão em que a questão física é importante, e o meu sorriso é uma ferramenta do meu trabalho.

Acha que o facto de ser positivo permitiu chegar onde está hoje?

Ricardo Pereira: Acho que sim, mas eu costumo dizer que não cheguei a lado nenhum, sou mais um a fazer aquilo de que gosta. Adoro realmente a minha profissão. Tenho tido a felicidade de ter tido projetos bons ao longo da minha carreira, porque uma pessoa de 34 anos ainda tem uma longa jornada pela frente, mas realmente tenho tido desafios muito interessantes, não só em Portugal e no Brasil, como noutros países na Europa. E acho que tem muito a ver com a minha forma positiva de encarar os objectivos. Eu acho que a positividade, a alegria e a perseverança vêm muito da energia interna e isso leva-nos a alcançar os nossos objetivos.

Qual é que foi a maior adversidade pela qual já passou?

Ricardo Pereira: Quem me conhece sabe que eu sou viciado em pessoas, adoro pessoas e como tal, quando perdemos as pessoas que amamos, ficamos muito tristes e quando convivi com isso as primeiras vezes custou-me muito, quando comecei a perder os meus avós, depois perdi a minha tia-avó que ajudou a criar-me, a minha tia Zulmira. A minha família é muito grande, mas eles sabem que a tia Zulmira era “só minha”, viveu em minha casa, depois eu vivi em casa dela há uns 7 anos. Eu dizia que ela tinha os olhos iguais aos meus, na verdade era eu que tinha os olhos iguais aos dela, ela era irmã do meu avô materno, uma pessoa que eu amava e a minha vida fazia muito sentido com ela como espectadora. Todas as minhas conquistas quase que eram feitas para ela ver. Quando somos confrontados com a morte de pessoas de quem gostamos muito, para mim são momentos difíceis.

Lembro-me que a minha tia nunca ia aos funerais de ninguém e nós não a enterrámos, cremámos. Esse dia foi “especial” porque foi toda a família e um grupo pequeno decidiu continuar o dia junto, mas foi um dia muito triste porque toda a gente que entrava na igreja vinha falar comigo, como se a tia fosse realmente “só minha” e não era, era mesmo a tia de toda a gente. Temos umas fotos desse dia, emolduradas inclusive, em que está toda a gente a rir-se, com um sorriso como talvez nunca tenha visto a algumas pessoas da minha família. A minha tia teve uma vida excelente, tinha 83 anos quando nos deixou. Viajou por todo o lado, viveu a vida, teve amor, a realização foi total e é engraçado que eu encarei essa passagem como uma passagem de testemunho, porque a minha tia conheceu a Francisca. Hoje estou casado, com dois filhos e há uma passagem de testemunho de alguém que também cuida de mim de outra forma, que não é uma mãe, até porque eu tenho a minha mãe. A Francisca é a minha melhor amiga, amo-a, é uma pessoa extraordinária, nós temos uma relação muito boa e hoje a minha mulher tem um papel de cuidar de mim assim como eu tenho para com ela.

A perda da minha tia foi um momento que me fez puxar um sorriso no meio da tristeza, por saber a tranquilidade e beleza da vida que ela teve.