O príncipe William, herdeiro da coroa britânica, fez hoje uma declaração rara sobre política, manifestando-se "profundamente preocupado" com as milhares de mortes na Faixa de Gaza e apelou ao "fim dos combates o mais rapidamente possível".
"Continuo profundamente preocupado com o terrível custo humano do conflito no Médio Oriente desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Demasiadas pessoas foram mortas", disse, num comunicado publicado hoje.
"Tal como muitos outros, quero ver o fim dos combates o mais rapidamente possível", acrescentou.
William alertou ainda para a "necessidade desesperada de aumentar o apoio humanitário a Gaza", defendendo ser "fundamental que a ajuda chegue e que os reféns sejam libertados", enquanto apelou a uma paz permanente.
"Mesmo na hora mais negra, não devemos sucumbir ao desespero. Continuo a agarrar-me à esperança de que é possível encontrar um futuro melhor e recuso-me a desistir disso", referiu.
A declaração foi publicada num momento em que William é a figura mais alta na hierarquia da coroa britânica em funções públicas enquanto o pai, rei Carlos III, cancelou todos os compromissos para receber tratamento contra um cancro de origem não especificada.
Normalmente, os membros da família real, que não têm funções executivas, evitam fazer intervenções sobre política externa ou eventos internacionais controversos.
Em outubro passado, o rei condenou os "atos bárbaros de terrorismo", enquanto o príncipe e a princesa de Gales afirmaram estar "profundamente angustiados" com os "horrores infligidos pelo ataque terrorista do Hamas".
A declaração surge numa altura em que vários países têm urgido Israel para parar os combates na Faixa de Gaza, preocupados com a possibilidade de uma ofensiva em Rafah, no sul do enclave palestiniano, onde estão concentrados quase um milhão e meio de civis.
A União Europeia (UE), exceto a Hungria, apelaram na segunda-feira a uma "pausa humanitária imediata" na Faixa de Gaza, posição também partilhada pelo Reino Unido.
Hoje, o príncipe William vai encontrar-se com as pessoas que prestam apoio humanitário na região e ouvir relatos em primeira mão sobre a situação, e depois vai participar numa conversa numa sinagoga com jovens que lutam contra o antissemitismo.
Segundo um comunicado, o objetivo é "reconhecer o sofrimento humano causado pela guerra em curso no Médio Oriente e o subsequente conflito em Gaza, bem como o aumento do antissemitismo em todo o mundo".
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 7 de outubro.
Nesse dia, cerca de 1.200 pessoas foram mortas e mais de duas centenas feitas reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas cerca de 29.000 pessoas - na maioria mulheres, crianças e adolescentes - e feridas mais de 68.000, também maioritariamente civis.
Importa notar que os membros seniores da família real britânica têm como norma manter a imparcialidade relativamente a questões políticas. Contudo, quando o assunto são direitos humanos quebram esta 'regra' e fazem alertas, como foi agora o caso.
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