A atriz francesa Juliette Binoche prestou hoje homenagem à fotojornalista palestiniana Fatima Hassuna, morta em abril num bombardeamento israelita em Gaza, na abertura do 78.º Festival de Cinema de Cannes, a cujo júri preside.

"Fatima deveria estar connosco esta noite. A arte permanece. É o testemunho poderoso das nossas vidas, dos nossos sonhos", declarou a internacionalmente aclamada atriz, num discurso em que também mencionou os "reféns de 07 de outubro [de 2023] e todos os reféns, os prisioneiros, os afogados que sobrevivem ao terror e morrem com um terrível sentimento de abandono".

Numa coluna hoje publicada, cerca de 400 personalidades do cinema mundial, entre as quais o cineasta espanhol Pedro Almodóvar e o ator norte-americano Richard Gere, apelaram para que se rompa "o silêncio" em relação "ao genocídio" em curso na Faixa de Gaza, saudando a memória de Fatima Hassuna, protagonista de um documentário programado para exibição numa secção paralela do festival de Cannes.

"Guerra, miséria, alterações climáticas, misoginia primária, os demónios das nossas barbáries não nos dão descanso", declarou também Juliette Binoche.

"Contra a imensidão desta tempestade, temos de fazer nascer a doçura, transformar as nossas perspetivas, partilhar a nossa confiança, redescobrir, curar a nossa ignorância e deixar de lado os nossos medos, o nosso egoísmo, mudar de rumo", acrescentou, perante grandes figuras do cinema mundial, entre as quais os atores norte-americanos Robert De Niro e Leonardo DiCaprio.

O Festival de Cannes terminará a 24 de maio, após a atribuição da Palma de Ouro a um dos 22 filmes em competição.

A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 52 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

Leia Também: Juliette Binoche diz que Depardieu deixou de ser um "monstro sagrado"