O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.
Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Leia a história de Patrícia Vasconcelos.
O que é que a faz sorrir?
Patrícia Vasconcelos: O facto de ter saúde, filhos saudáveis, o sol, a beleza em geral, esteticamente falando.
O que é que significa para si a beleza?
Patrícia Vasconcelos: Eu não gosto de dizer se tem bom gosto ou mau gosto, isso é muito subjectivo. A beleza tem mais a ver com a percepção ao meu olhar de sensações, a beleza é algo muito vasto.
São muitas as coisas que me fazem sorrir, mas eu já acordo a sorrir. Até já me disseram que isto de estar sempre a sorrir qualquer dia pareço uma “pateta alegre”. Eu levo as coisas a sorrir, sobretudo porque me sinto mais feliz quando estou a sorrir.
É terapêutico?
Patrícia Vasconcelos: Sim, é muito terapêutico, é raro lembrar-me de momentos em que tenha perdido o sorriso, mas são momentos que fazem parte da nossa vida.
Ando na rua a sorrir, as pessoas têm pouca tendência a fazer isso e é engraçada a reacção das pessoas quando olham para mim, do género “mas eu conheço-te?” e eu sorrio porque estou viva, porque tenho saúde, sou uma privilegiada. Outra reacção que pode acontecer, as pessoas sorrirem de volta, mas não estão habituadas a isso.
O sorriso é contagiante?
Patrícia Vasconcelos: Sim. E depois o sorriso é uma coisa gratuita, não se pagam impostos.
Qual foi a maior adversidade pela qual já passou?
Patrícia Vasconcelos: Tenho de pensar, o que é bom sinal. Eu resolvo e “arrumo” as situações e depois para me lembrar de adversidades tenho de fazer um esforço. Passei por algumas coisas normais. Por exemplo, esta fase que estamos a passar de instabilidade.
Perante a adversidade de chegar ao fim do mês com dificuldades, e acontece muito no meio artístico, aprendi que perante as dificuldades pelas quais já passei é importante respirar fundo e sorrir. No lugar de pensar “eu não tenho isto, eu não tenho aquilo…”, pensar ao contrário: “ eu sou afortunada por ter isto, isto e isto…” e à partida resulta sempre reagir pela positiva. Eu não tenho o chip da negatividade, não nasci com ele e percebi ao longo da vida que o queixume não me levava a lado nenhum. Utilizo a máxima de Voltaire “Eu decidi ser feliz porque é bom para a saúde”, é o meu lema. Se não estiver bem comigo, não vou conseguir fazer nada de positivo.
Há uma tendência em descriminar as pessoas que estão deprimidas e é uma doença que tem de ser tratada.
Existem pessoas que não produzem serotonina suficiente e têm de ser tratadas porque são “naturalmente” deprimidas.
Patrícia Vasconcelos: Claro, é uma patologia, e eu penso que tenho sorte em ser positiva. Quando ouço relatos de pessoas que não conseguem fazer nada porque estão deprimidas é assustador.
Que conselho dá aos portugueses que perderam o sorriso?
Patrícia Vasconcelos: Mesmo para as pessoas que têm dificuldades, acho que existe sempre qualquer coisa que nos faça sorrir. Se estivermos disponíveis para isso, podemos apreciar a vida, usufruir de momentos e sorrir.
Existem pessoas que nascem positivas e depois existem pessoas que perante adversidades passaram a dar mais valor à vida.
Patrícia Vasconcelos: Eu acho que nesse sentido no meu caso é um pouco genético porque o meu pai é uma força da natureza e a minha mãe também, apesar do sorriso não ser tão evidente neles. E depois tenho a capacidade de rir de mim própria, o que acho ótimo. Quem não tiver sentido de humor perde muita coisa boa.
É apologista da máxima de Charles Chaplin “Um dia sem rir é um dia desperdiçado”?
Patrícia Vasconcelos: Pronto. Sabe que ele é o autor da música “Smile”, Smile, though your heart is aching, Smile, even though it's breaking, When there are clouds in the sky you'll get by”. É uma personagem interessante para estudar. Tinha um ar sisudo e fez sorrir tanto. Toda a letra da música tem esperança, é maravilhosa. Sou fã do “Smile”.
Eu acho que tudo o que nos acontece tem uma razão para crescer, escusado o sofrimento, há pessoas que têm histórias muito duras e aí essa teoria já não funciona.
Lembro-me que quando voltei para Portugal em 1987, o meu maior sonho era continuar a minha profissão na altura como hospedeira. Era a minha vida. Não tinha mais ambição na altura do que ser hospedeira na Lufthansa. E quando recebi a carta a dizer que não tinha sido aceite, achava que o mundo ia acabar. Mas tenho de agradecer porque foi isso que me fez descobrir a minha profissão. Às vezes não queremos ver o que está à nossa frente.
Se pudesse deixar alguma história para os seus netos lerem um dia, sobre o que seria?
Patrícia Vasconcelos: Ah, nunca tinha pensado nisso, mas acho que a minha própria história é inspiradora.
O facto de ter começado a fazer uma profissão que ninguém fazia, “Casting Director”, a tradução correcta é “Realizadora de Casting” e não “Diretora de Casting”. Comecei em 1989.
Dois anos depois da tal situação de “achar que o mundo ia acabar”?
Patrícia Vasconcelos: Exacto (risos). Depois mais tarde, em 2001 percebi que havia necessidade de uma escola de actores como a Act. Depois decidi que queria cantar e comecei também.
Quando houve o “clic” para começar a cantar?
Patrícia Vasconcelos: Sempre tive aulas de canto, mas como quem vai à ginástica, mas nunca tinha pensado pôr em prática. Sempre adorei musicais, era um fascínio. Isto de cantar começou com uma ideia para uma prenda, andei dois meses a ensaiar. No dia do meu casamento e para grande espanto das pessoas e meu “ah, a rapariga canta”. Como correu bem, pensei, “ah, eu agora quero continuar”. Depois o meu pai disse-me “olha, cantaste uma música que eu estava a pensar colocar no próximo filme”. E eu pensei “Isto é um pseudo-convite”. É melhor ir aprender. Fui para o Hot Clube, escola de jazz e fui aprender a cantar e depois as coisas foram surgindo.
Então esse dia mudou a sua vida
Patrícia Vasconcelos: Este e outros que tive. Mudamos todos os dias. O bom da vida é estar disponível para receber ideias.
O que lhe falta fazer?
Patrícia Vasconcelos: Ai, tanta coisa. Como diz o meu pai “no dia em que morrer ainda vou trabalhar de manhã” (risos).
Essa é uma boa pergunta, gosto desse tipo de pergunta, porque são coisas que eu nunca páro para pensar. Falta-me fazer mais documentários, gostei da experiência de fazer um documentário sobre o Raul Solnado. Faço casting há 25 anos e curiosamente sempre guardei tudo. Tenho um espólio de imagens gigante que dá um programa de televisão brutal.
Com bloopers.
Patrícia Vasconcelos: (risos) Não é giro? Adoro!
Falta-me fazer o próximo disco. Adorei o privilégio de estar grávida e poder criar um ser dentro de nós, é mágico, mas já estou realizada. Sou mesmo privilegiada.
Entrevista: Mafalda Agante
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