A atleta do Sporting Clube de Portugal (SCP), campeã da Europa no triplo salto em 2016, diz que tanto ela como o seu grupo de amigos de raça negra foi barrado quando queriam entrar na discoteca lisboeta Lux Frágil, localizada em Santa Apolónia.

Numa publicação na sua conta do Instagram, a atleta partilha uma imagem da porta de entrada do Lux Frágil, em Lisboa, afirmando que ela e o seu grupo de amigos foram impedidos de entrar por uma questão de discriminação.

"Quando vês pessoal a entrar de chinelos e sem convite, mas (vou ser simpática) te tratam de maneira diferente porque tu e os teus "black friends" ("amigos negros") bem vestidos não se enquadram no perfil da Lux. Triste, mas acontece...", escreveu Patrícia Mamona, na legenda da fotografia. "Não estava à espera", "extremamente triste", "desrespeito", "perfil racial", acrescenta a atleta.

A notícia está em praticamente toda a imprensa nacional e foi inclusivamente reproduzida pela agência de notícias espanhola EFE.

Redes sociais divididas

As redes sociais enchem-se de comentários contra a atitude e comportamento dos porteiros daquele espaço noturno. No Twitter, o velocista do Benfica David Lima apelou ao boicote da discoteca, dizendo que os seus critérios para escolher quem entra têm por base uma "perfilagem racial".

"Que há critérios racistas na seleção de entradas em discotecas de Lisboa parece-me óbvio para qualquer pessoa que saia à noite com negros, mas no Lux a política de barrar gente em geral é bastante comum", comenta outra utilizadora daquele rede de microblogging.

Um outro internauta escreve "Props p/ a Patricia Mamona e para o Nelson Évora por denunciarem o que já acontece em Portugal há muito e é posto debaixo do tapete".

Há também comentários, sobretudo na conta do Instagram da atleta, que defendem a atitude dos porteiros e que garantem que a equipa que trabalha no Lux Frágil não tem atitudes de cariz racista.

"Já toda a gente foi barrada no Lux", lê-se num dos comentários.

"Só porque és VIP não podes estar à espera de não ficar à porta", escreve outro utilizador.

Patrícia Mamona é atleta do triplo salto e conquistou em 2016 o título de campeã da Europa na modalidade.

Outros casos de racismo em espaços noturnos

Em abril de 2014, o atleta e campeão olímpico Nelson Évora disse ter sido vítima de racismo ao lhe ter sido negada a entrada na discoteca Urban Beach, em Lisboa. Na altura, o porteiro terá dito que havia demasiados negros no grupo.

Nelson Évora estava acompanhado de outros atletas portugueses de renome internacional, como Naide Gomes ou Francis Obikwelu, ambos várias vezes medalhados em campeonatos do mundo e da Europa.

Mais tarde o proprietário da discoteca veio negar qualquer ato racista na seleção das pessoas à porta do espaço e explicou que os atletas foram impedidos de entrar no mesmo porque não obedeciam ao critério de dress code.