
Rita Pereira viu-se envolvida numa discórdia nas redes sociais depois de ter sido acusada de apropriação cultural devido ao seu novo penteado de origem africana.
Perante as críticas, a atriz acabou por responder: "Continuarei com as minhas twists lindas até me apetecer, honrando a cultura africana com todo o respeito e admiração que tenho pela mesma”.
Não partilhando da mesma visão, Maria Sampaio acabou por criticar esta postura.
"Há algo de muito errado no ser humano! Se alguém marginalizado diz que se sente ofendido, porque é que o ser humano, maioritariamente no lugar de privilégio que erra, muitas vezes por falta de conhecimento mesmo, em vez de tentar perceber e pedir desculpa, tenta escudar-se, defender-se, chorar em silêncio, muitas vezes até vitimar-se em vez de só tentar compreender o ponto de vista de quem sofre de verdade e só humildemente aprender a pedir desculpa? Todos erramos e está tudo certo! Mas vamos aprender com os nossos erros", começa por referir.
Entretanto, dá o seu próprio exemplo: "Há cinco anos fiz ‘A Tua Cara Não Me É Estranha’ e, consequentemente fiz ‘black face’ mais que uma vez! Não tenho de me escudar e de fingir que não fiz nada! Errei! Não devia ter permitido que isso acontecesse, não tinha conhecimento de causa do assunto na altura em questão, infelizmente, e hoje são imagens que estão para sempre na internet, que me envergonham, e peço desculpa as vezes que forem necessárias a toda uma comunidade que sofre ainda hoje!".
"Temos de parar de roubar o lugar de fala de quem realmente sofre! Podemos e devemos lutar lado a lado, mas saber quando e como podemos intervir! Mesmo sendo casada com uma pessoa negra, não sabia o peso e o quão ofensivo a minha ação era! Isto mostra que não é por ter um amigo negro ou marido negro ou até pai negro que se está consciente do quão ofensivo os nossos atos podem ser! São anos de estudo, de conversas, de nos questionarmos enquanto grupo privilegiado que nunca vamos saber nem sentir o que as pessoas discriminadas sentem!", continua.
"Também fiz uma vez na minha vida tranças, as primas do Gonçalo fizeram-me no meu casamento. Se hoje voltaria a fazer? Não, não faria! Se posso fazer… até posso… ‘porque sou livre’, como tanto ouço por aí, mas também sou livre para poder roubar e não é por isso que o faço!", nota ainda.
"É o meu estado de consciência de hoje que não me permite sequer querer usar! Se julgo as pessoas brancas que o fazem? Não julgo, nem sou ninguém, nem é o meu lugar de fala para o fazer! Se posso partilhar o porquê de não fazer sentido para mim nunca mais usar, enquanto uma luta continua, enquanto outras ainda nem foram aceites e que não é uma moda? Posso!", justifica.
"Para brancos é só uma moda e a nossa vida continua igual. Num lugar de privilégio, como sempre! Para pessoas negras não.
Isto é tão mais profundo do que a questão: será que podemos ou não usar tranças? Demorou para mim a perceber também! Mas observar vidas que não só a minha, ou a do meu marido, ou as de quem nos rodeia, ajuda! (…) É muita dor envolvida para eu usar só como trend! É isto que sinto! Mas como digo isto não é um julgamento! É uma partilha de sentimentos!", completa.
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