Matay esteve esta segunda-feira à conversa com Manuel Luís Goucha para uma entrevista sincera onde o músico abriu o 'livro' que conta a história da sua vida.

"O que é que se sente quando um filho se chega ao pé de um pai e diz: 'papá, não quero ser preto'?", começou por questionar Goucha, recuperando uma revelação recente feita por Matay.

"É duro, mas ao mesmo tempo tentamos não dar ênfase a essa situação", começa por responder o músico, que confessa ter ficado destroçado com este desabafo de um dos seus dois filhos.

"Sangrei por todo o lado. Parece que o corpo rebenta", lamenta.

"Quando pensamos nisto como uma forma de vida, e é, é assim que nós aprendemos a viver, com o peso daquilo que é a cor da nossa pele, e perceber que... bolas, com cinco anos ele já tem de fazer este caminho", acrescenta, passando a explicar como tentou passar ao filho uma mensagem positiva.

"Tentei mostrar-lhe que não há nada de errado. Não há mal nenhum em tu teres a cor igual à do papá. Nós somos pretos e com orgulho", afirma.

Matay quis desconstruir o que o filho estava a sentir e dar-lhe as ferramentas necessárias para perceber que não tem motivos para não gostar da sua cor.

"Aquilo que eu pretendo fazer com o meu filho primeiro é deixá-lo descontraído sobre este assunto e depois dar-lhe formação para ele conseguir responder a estas situações", defende.

Porém também o músico, atualmente com 35 anos, foi vítima de racismo e teve exatamente o mesmo sentimento que o filho quando tinha apenas seis anos.

"Matay é nome de preto, preto das barracas", esta foi a frase que o marcou, dita por colegas da escola e à qual a professora reagiu com um sorriso.

"Estava a ser humilhado e pior do que isso, era tudo normal", recorda. "Isto é duro e ainda hoje é duro. E hoje é o meu filho a passar por isto", reforça, terminando esta entrevista afirmando que, infelizmente, Portugal ainda é um país racista.

Reveja aqui as emotivas palavras de Matay.

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