Depois de aos 12 anos ter feito as malas para ir para o seminário, Hélder Reis voltou a partir para uma nova aventura.

Estreou-se no dia 26 de janeiro na segunda temporada de ‘Notícias do Meu País’, um programa que passou a contar com a apresentação de Hélder Reis, em conjunto com Tiago Góes Ferreira, e que é transmitido às sextas-feiras na RTP1.

Agora que iniciou um novo desafio, o apresentador esteve à conversa com o Fama ao Minuto, recordando a sua infância e falando sobre os projetos que lhe enchem a alma, incluindo a empresa agrícola que criou em Trás-os-Montes.

Um homem feliz que tem uma forte ligação com a mãe, o grande amor da sua vida.

Quais as melhores memórias que guarda da infância?

As idas para a praia com a minha mãe de bicicleta. Todo o dia era inesquecível.

Antes da universidade, mais precisamente aos 12 anos, começou a frequentar o seminário, onde esteve 12 anos. O que o levou a tomar essa decisão?

Vocação, fui e permaneci por minha vontade. Durante muito tempo senti que era esse o caminho.

Em que medida é que esta decisão influenciou a sua vida?

Fez de mim aquilo que sou. Os meus estudos, a minha personalidade, a minha educação. Influenciou tudo.

Quais as maiores dificuldades que sentiu?

Deixar a minha família com 12 anos foi muito duro, ficava 8 a 15 dias sem ir a casa...

Não fui ordenado sacerdote, quando saí ainda faltava um ano para ser padre. Saí do seminário e recomecei do zero

Depois, a meio ano de ser padre, percebeu que esse não era o seu caminho. Como foram os momentos que se seguiram?

Eu não fui ordenado sacerdote, quando saí ainda faltava um ano para ser padre. Saí e recomecei do zero. Comecei a trabalhar no Museu de Arte Contemporânea, escrevi a minha tese de licenciatura e criei a minha banda, os Pólen. Fiz vida...

Licenciou-se em Teologia, mas já confessou antes que está agora afastado da igreja. O que o levou a distanciar-se?

Estou muito próximo de Deus. Nem sempre comungo das opiniões da Igreja, é normal e a minha vida não me permite muito tempo para estar na Igreja... não é um afastamento. É o rumo da vida...

Como vê o papel do Papa Francisco na sociedade atual?

Gosto muito. Fresco, irreverente, reflexivo, próximo, conciliador. Gosto mesmo muito.

Além da fé, o mundo artístico também esteve sempre presente na sua vida. Tem uma forte ligação com a música, tendo estudado canto, viola, piano, direção de coros… Aliás, é vocalista da banda Pólen. Dedicar-se por completo à música nunca esteve nos seus planos?

A música é a minha vida, também. Não preciso deixar uma coisa para fazer outra. Os Pólen vão o lançar os novos temas... ao mesmo tempo que estreio um novo programa na RTP... tudo é possível.

A escrita é outro dos seus pontos fortes. Em 1998 saiu o seu primeiro livro, ‘Rostos do Mar’, tendo já lançado outras obras. Qual a sua maior inspiração?

Sempre escrevi, adoro o quotidiano para a minha poesia. Contos infantis e até para o próximo que vai sair e que fala de Portugal.

Começou a servir às mesas do ‘Praça de Alegria’, como assistente de programa. Como recorda a primeira vez em televisão como empregado de mesa?

Com nervos e responsabilidade. Sempre levei tudo com muita responsabilidade.

Até que surgiu a oportunidade de fazer reportagens. Como foi passar de assistente para repórter? Quais as principais dificuldades que sentiu ao início?

Tudo era novo. Ensaiei muito em casa. Falar para a câmara, saber fazer perguntas, estar à vontade... mas correu bem.. até hoje

Em 2010 terminou o curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação. Tirou o curso para “ser o melhor”. O objetivo foi cumprido?

Ainda não. Estou no caminho... no bom caminho. Só tenho 42 anos...

Quando a ‘Praça da Alegria’ deixou de ser gravado nos estúdios do Porto e foi transferido para Lisboa, como um novo nome, ‘A Praça’, muitas pessoas ficaram desagradadas com esta decisão. Como digeriu esta mudança?

Fiquei triste. Óbvio. Mas eu continuei no programa, a cobrir todo o Norte, e a RTP Porto fez muitos outros programas igualmente interessantes. Acabou por ser positivo, temos de saber dar a volta a adaptarmo-nos sem grandes dramas...

Tenho profundo respeito pelos nossos emigrantes. Fazer este programa é para eles, para as famílias e para a saudade

Agora está a viajar pelo mundo com o programa ‘Notícias do meu país’, onde visita as comunidades portuguesas e traz várias histórias de emigrantes portugueses ou luso-descendentes. Como está a viver esta nova aventura?

Muito intenso e muito trabalhoso. Mas... tenho profundo respeito pelos nossos emigrantes. Fazer este programa é para eles, para as famílias e para a saudade.

Dos países pelos quais já passou, nesta aventura, qual foi o que o marcou mais e de que forma?

Canadá, menos 32 graus. Nunca apanhei tanto frio. Mas uma comunidade muito carinhosa. Cuba, 27 graus. Uma freira com mais de 80 e mais jovem que a juventude. Inspiradora. E tantas outras histórias... têm de ver.

Cinco meses longe de casa, da família… Como gere as saudades?

Difícil. Muito difícil. A logística, a exigência das gravações, a saudade, a abençoada internet... que nos liga.

Sou apresentador de TV e agricultor. E músico e escritor. A vida dá para tudo...

Fora dos ecrãs conta com outros projetos, um deles é de apicultura. Fale-nos um bocadinho desta atividade.

Trata-se de uma empresa agrícola que criei em Trás-os-Montes. As abelhas e o mel são um mundo fascinante e necessário para o ecossistema. Este é um projeto que vai abanar muito o mercado e as ideias sobre agricultura. Sim. Sou apresentador de TV e agricultor. E músico e escritor. A vida dá para tudo...

Tem uma forte ligação com a sua mãe. Ela é o grande amor da vida de Hélder Reis? Quais os principais conselhos que ela lhe dá?

Sim. O mais sábio: Levar a vida tranquilamente, na desportiva. A vida é boa

Todos os dias a entrar na casa das pessoas levou-o a deixar algumas mulheres ‘derretidas’ com a sua personalidade televisiva, tendo até recebido uma proposta de casamento. O amor é a condição que nos deixa mais vivos?

O amor faz o mundo mexer. Quem não ama é seco, indelicado, azedo. Quem ama e é amado é humilde, generoso, forte. É... o amor faz-nos homens do bem.

Conhecido como um ser humano dado aos outros e ativista em causas sociais, qual foi a maior lição que aprendeu com os outros?

Ser um homem de causas dá mais sentido à minha vida. A Associação Protectora de Crianças, Valadares, ensinou-me os valores da generosidade e da dedicação aos outros neste caso as crianças em situação família e delicada. Se não cuidarmos, o mundo torna se mais doente... todos somos chamados à atenção.

Como descreve o mundo atual e qual seriam os aspetos importantes para o tornar melhor?

Acho que andamos distraídos. A atenção aos outros traria coisas boas mas uma atenção sem ser interesseira... dar para receber... isso não.

O que espera do futuro?

Bom, a minha vida está num ponto bom. Novo programa de TV, novo livro, novas músicas dos Pólen, a minha empresa agrícola, a minha família, saúde. O meu futuro pode continuar assim. Sou um homem feliz.